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Lula volta a criticar patamar da Selic e diz que Campos Neto é ‘ideologicamente alinhado’ a Bolsonaro

Em entrevista à Rádio O Tempo nesta sexta-feira (28), o petista cobrou do BC que investiga as recentes altas do dólar. “Por que o dólar está subindo? Porque tem especulação", criticou.
28/06/2024 | 16h11

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva voltou a criticar, nesta sexta-feira (28), o patamar da taxa básica de juros, a Selic, atualmente em 10,50% ao ano. Em entrevista à Rádio O Tempo FM, de Belo Horizonte (MG), nesta sexta-feira (28), o petista disse que a taxa Selic é “irreal” e que o cenário vai melhorar quando puder indicar o novo presidente do BC, no fim do ano.

“A taxa de juros de 10,5% é irreal para uma inflação de 4%. É isso. Agora, eu não sou do Conselho Monetário Nacional, eu não sou diretor do Banco Central. Isso vai poder melhorar quando eu puder indicar o presidente, que vai para o Senado, e a gente vai construir uma nova filosofia”, falou o presidente.

“Não tenho preocupação de ficar brigando com a taxa de juros. Eu sei que a taxa é um instrumento para você tentar evitar o excesso de consumo, controlar a inflação. Mas espera aí, a inflação está controlada, está a 4%, dentro da meta. O Brasil tem um colchão de reserva de R$ 355 bilhões, que foi nós que fizemos, eu e Dilma [ex-presidente Dilma Rousseff]. Então não tem necessidade de os juros estarem desse tamanho”, completou.

Na entrevista à rádio, Lula voltou a criticar o empresariado e o mercado financeiro – a quem acusa de “especular” com a alta do dólar para gerar lucro, prejudicando os indicadores da economia. E cobrou que o Banco Central investigue o movimento. “Por que o dólar está subindo? Porque tem especulação. Tem especulação com derivativos, na perspectiva de valorizar o dólar e desvalorizar o real. E o Banco Central tem a obrigação de investigar isso”, disse.

Em entrevistas recentes, Lula tem feito críticas contundentes e corretas a respeito de Roberto Campos Neto, que vem adotando um comportamento mais político do que técnico. Além disso, o presidente da autoridade monetária tem jogado mais contra do que a favor do Brasil, ao tocar o terror no mercado com declarações pessimistas sobre a economia.

O mandato de Campos Neto termina em dezembro deste ano e um dos cotados a substituí-los é Gabriel Galípolo, diretor de Política Monetária do BC, quem, aliás, representou Campos Neto em duas reuniões importantes esta semana: uma com Lula e outros ministros, em que foi discutida a mudança do regime de meta de inflação, e a do próprio CMN (Conselho Monetário Nacional).

Lula diz que presidente do BC está “ideologicamente alinhado” a Bolsonaro

Depois de evitar citar o nome de Campos Neto, Lula voltou a citá-lo para dizer que o presidente do Banco Central está ‘ideologicamente alinhado’ com Jair Bolsonaro (PL) e que vai indicar uma “pessoa responsável” para comandar a instituição a partir de 2025.

“É importante lembrar que ele pensa ideologicamente igual ao governo anterior. E é importante lembrar que eu acho que ele não está fazendo o que eu acho que deveria ter feito. Mas, de qualquer forma, ele tem um mandato e até dezembro ele é presidente do Banco Central, e somente a partir daí eu vou escolher o presidente do Banco Central”, disse.

“E eu vou escolher alguém que seja responsável, e a pessoa que é responsável o presidente não vai ficar dando palpite, ‘abaixa o juro, aumenta’. Não. O presidente tem que confiar que a pessoa que está lá tem competência para fazer as coisas. É isso que a gente tem que fazer. E já foi assim. Eu não sou um estranho no ninho. Eu sou um cara que já foi presidente oito anos e fui considerado o melhor presidente da história desse país”, completou.

Campos Neto foi indicado ao cargo por Paulo Guedes, o ex-ministro da Economia, conhecido como “posto Ipiranga” do governo de Bolsonaro. Nas eleições de 2022, o presidente do BC foi flagrado indo votar com a camisa verde amarela, que virou um símbolo da horda bolsonarista. Fora isso, fazia parte de grupos de WhatsApp com ministros.

Lula volta a reafirmar que não vai desvincular benefícios do salário mínimo

O presidente também voltou a afirmar que quer proteger o poder de compra dos trabalhadores brasileiros e criticou a ideia de desvincular os benefícios sociais do aumento do salário mínimo. “Eu quero que a inflação não coma o salário do trabalhador”, disse.

“Você vê as pessoas falarem: ‘ah, mas então o Lula precisa desvincular o salário mínimo da Previdência porque, na hora que aumenta o salário mínimo, a Previdência fica dando rombo”, destacou. “Meu Deus do céu, o mínimo é o mínimo; por isso, chamam de salário mínimo. Não tem nada mais baixo do que o mínimo”, ressaltou Lula em seguida.

Lula destacou que sua política para o salário mínimo inclui a recomposição inflacionária, o que mantém o poder de compra dos trabalhadores, além de acrescentar a média do crescimento do PIB (Produto Interno Bruto) dos últimos dois anos. “Estou dando a média do crescimento do PIB dos últimos dois anos. Então, se crescer 3% este ano, eu vou dar 6% de aumento, isso hipoteticamente”, afirmou.

Redação ICL Economia
Com informações das agências de notícias

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