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Macaé toma posse e critica visão de que direitos humanos é ‘defender bandido’

Nova ministra evita tema assédio em seu discurso na posse, que teve presença de Anielle Franco
27/09/2024 | 14h13

Por Renato Machado

(Folhapress) — A nova ministra dos Direitos Humanos, Macaé Evaristo, tomou posse oficialmente nesta sexta-feira (26) e afirmou que uma de suas funções e reverter a concepção de parte da sociedade de que “direitos humanos é coisa de bandido”.

“Tomo posse como ministra sem perder de vista que a minha maior credencial é ser uma pessoa absolutamente comum, mulher, preta, professora e assistente social”, afirmou.

“Infelizmente na nossa sociedade brasileira, muita gente tem concepção que direitos humanos é uma coisa de quem defende bandido. A gente tem um desafio fundamental para construir a ação destes ministérios. A gente precisa entender a tensão entre afirmação e negação dos direitos humanos.

Macaé Evaristo ainda criticou o que descreveu como uma “nova investida do capitalismo”. “No cenário global, a gente enfrenta uma nova investida do capital que aposta na segregação social, racial e ambiental para legitimar a opressão e extermínio de milhões de pessoas comuns, como eu”, acrescentou.

A cerimônia de posse aconteceu no Palácio do Planalto, com a presença do presidente Lula (PT) e da primeira-dama, Janja.

Cerimônia de posse ministra dos Direitos Humanos e da Cidadania, Macaé Evaristo (Foto: Divulgação/ Redes sociais)

Também houve grande participação das ministras mulheres do governo. Uma das presentes era Anielle Franco, da Igualdade Racial, que seria uma das vítimas de assédio sexual no caso que levou à demissão do antigo ministro dos Direitos Humanos, Silvio Almeida.

Lula demitiu Silvio Almeida na noite do dia 6 de setembro após o surgimento de acusações de assédio sexual contra ele. A organização Me Too Brasil disse que recebeu os relatos e prestou auxílio às supostas vítimas.

Silvio Almeida vem negando as acusações. “Repudio com absoluta veemência as mentiras que estão sendo assacadas contra mim. Repudio tais acusações com a força do amor e do respeito que tenho pela minha esposa e pela minha amada filha de 1 ano de idade, em meio à luta que travo, diariamente, em favor dos direitos humanos e da cidadania neste país”, afirmou.

“Toda e qualquer denúncia deve ter materialidade. Entretanto, o que percebo são ilações absurdas com o único intuito de me prejudicar, apagar nossas lutas e histórias, e bloquear o nosso futuro”, disse.

Durante a cerimônia de posse, uma irmã da nova ministra, a escritora, a escritora Conceição Evaristo poema de sua autoria. Em “Vozes Mulheres”, que descreve o passado de escravidão dos antepassados negros e o eco de liberdade das novas gerações.

Macaé Evaristo

A nova ministra é deputada estadual do PT em Minas Gerais e tem um histórico de militância e atuação política voltada para a educação e o combate ao racismo e a desigualdades.

Não é a primeira vez que ela integra o governo federal. De 2013 a 2014, durante o governo Dilma Rousseff (PT), comandou a Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização, Diversidade e Inclusão (Secadi), do Ministério da Educação.

Após Lula vencer a eleição contra Jair Bolsonaro (PL), ela integrou a equipe de transição e chegou a ser cotada para voltar ao governo. Mas, eleita deputada estadual em Minas, decidiu assumir seu mandato.

Macaé Evaristo é ré em uma ação civil pública que aponta superfaturamento na aquisição de kits escolares na rede municipal de ensino de Belo Horizonte.

O processo trata da época em que a ministra foi secretária de Educação na cidade, na gestão do ex-prefeito Marcio Lacerda (então no PSB). Ela ocupou o cargo de 2005 a 2012. Ela respondeu que não coube a ela comandar esse processo licitatório.

 

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