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Mais de 200 espécies de plantas têm nomes alterados para retirar expressão racista

Decisão foi tomada no Congresso Botânico Internacional em Madri, onde botânicos decidiram pela alteração
13/08/2024 | 22h18

Os nomes científicos de mais de 200 espécies de plantas foi alterado por pesquisadores devido a referências racistas. Essa é a primeira vez que há uma alteração na denominação de origem por motivos sociais e políticos, e não científicos.

Geralmente, nome científicos só são alterados caso seja descoberto alguma incoerência ou erro na pesquisa que determinou a origem da planta, que indicaria que ela pertence a outro local, logo a mudança de nome seria necessária.

Contudo, no Congresso Botânico Internacional em Madri, os botânicos decidiram que seria apropriado alterar a palavra “caffra”, que acompanhava o nome de plantas vindas da África, para “affra”.

Segundo os pesquisadores, a mudança seria devido a um erro de grafia, entretanto, há controvérsias:

  • Em árabe, a palavra significa “descrente” e, originalmente, era usada para falar de não muçulmanos, até que foi redirecionada para escravos pretos africanos.
  • No sul da África, é considerada uma calúnia racial extremamente ofensiva, inclusive sob pena de prisão.

A proposta de mudança do nome “caffra” foi aprovada com uma votação de 351 a 205.

(Foto: Fernando Frazão/Agência Brasil)

Debate sobre nomes

Tem sido debatidos no meio científico se outros nomes devem ser alterados, além das espécies “caffra”. Estudiosos dos insetos deixaram de usar o termo “formiga cigana” e mariposa cigana” por ser pejorativo ao povo cigano, por exemplo.

Outro exemplo, são os animais que tem seu nome científico em homenagem à Adolf Hittler e Benito Mussolini, como o Rochlingia hitleri –um besouro — e o Hypopta mussolinii — uma mariposa. Apesar disso, esses nomes ainda não foram alterados.

Em relação às plantas, o caso é complexo, pois afeta centenas de espécies, que já possuem um histórico.

O botânico do Field Museum em Chicago e membro do comitê editorial do Código Internacional de Nomenclatura para Algas, Fungos e Plantas, Fred Barrie, disse que “a estabilidade é importante na nomenclatura botânica e alerta que mudar milhares de nomes de espécies se tornará “um pesadelo impraticável”.

Já Sergei Mosyakin, presidente da Sociedade Botânica Ucraniana, afirmou que “há milhares de nomes de espécies de plantas com palavras que são ou podem ser consideradas ofensivas” para alguns grupos de pessoas e alerta que a discussão pode ser apenas o começo.

Os cientistas decidiram criar o comitê de ética para revisar o nome de espécies nomeadas a partir de 2026, para evitar que coisas assim aconteçam no futuro.

Em geral, o nome é dedicado a pessoa que o descobriu, contudo  agora passa a ser revisado para evitar termos que podem ser ofensivos a um grupo de pessoas.

 

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