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Manutenção de prisão de Brazão enfraquece Lira e afeta sucessão na Câmara

Aliados de primeira hora do presidente da Casa lideraram articulação para soltar suspeito de mandar matar Marielle, mas saíram derrotados
11/04/2024 | 12h30

Por Matheus Teixeira e Victoria Azevedo

(Folhapress) — A decisão do plenário da Câmara de manter a prisão do deputado Chiquinho Brazão (sem partido–RJ) enfraquece Arthur Lira (PP–AL), fortalece o STF (Supremo Tribunal Federal) e embaralha ainda mais a disputa pela sucessão do comando da Casa, marcada para o início de 2025.

Alguns dos principais aliados de Lira encabeçaram as articulações pela derrubada da detenção sob o argumento de que a decisão do Supremo de prender o acusado de mandar matar a vereadora Marielle Franco viola prerrogativas de parlamentares e abre um precedente perigoso.

Os críticos da ordem de prisão dada pelo ministro do STF Alexandre de Moraes e referendada pela 1ª Turma da corte afirmavam que a decisão desrespeita a Constituição, que permite a prisão de parlamentar no exercício do mandato apenas em flagrante e por crime inafiançável.

Elmar Nascimento, um dos aliados de Lira, declarou publicamente que votaria pela soltura de Brazão (Reuters)

Elmar Nascimento, um dos aliados de Lira, declarou publicamente que votaria pela soltura de Brazão. Foto: Reuters

O líder da União Brasil, Elmar Nascimento, foi o principal articulador nesse sentido a fim de impor uma derrota ao STF e declarou publicamente que votaria contra a prisão, na terça (9).

Outros nomes próximos ao preso, como o presidente do Avante, Luís Tibé, não participaram da votação desta quarta-feira (10) para tentar evitar que tivessem os 257 votos necessários para revogar a detenção.

À certa altura do dia, diante da pressão de deputados para derrubar a prisão, até o governo temeu ser derrotado e ver Brazão libertado.

Integrantes da base governista previam uma margem apertada de no máximo 10 votos de folga para manter a detenção.

Ao final, no entanto, foram 277 votos para manter a decisão de Moraes, 20 a mais que o necessário. O resultado foi interpretado como um sinal de que Lira e seus principais aliados não têm a mesma força de tempos atrás.

“Houve um movimento para esvaziar a votação, mas ele não funcionou. Apesar de todas as movimentações feitas pela extrema-direita e por parte do centrão, a democracia e a decisão do STF prevaleceu, porque ela está ancorada na legalidade”, afirmou a deputada Erika Hilton (PSOL–SP), líder da legenda na Casa.

Ao mesmo tempo, o resultado foi um indício de que, apesar das críticas ao STF, a disposição de impor derrotas à corte segue forte na bancada do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), mas não tem a mesma ressonância no centrão, que costuma ser o fiel da balança das votações na Câmara.

Apesar disso, parlamentares ponderam que a comoção social envolvida no assassinato da vereadora também pesou e que os deputados não votaram apenas com a ideia de dar ou não um recado ao Supremo e também sopesaram o desgaste que seria libertar Brazão.

Placar indica que sucessão de Lira está aberta

A aposta de deputados é que o placar indicou que a disputa pela sucessão de Lira está mais aberta do que nunca. Elmar, tido como favorito do presidente da Casa para substituí-lo no cargo, por exemplo, saiu enfraquecido, na avaliação de parlamentares. Essa postura também gerou atritos com o governo — que anunciou que orientaria a favor da manutenção da prisão.

Na terça, Nascimento disse a interlocutores que era preciso ter “coragem” para defender os deputados e que se ele não tivesse condições de defender a prerrogativa dos parlamentares, ele não teria condições de ser um dia eleito presidente da Casa.

Ele também afirmou que não tinha receio de que a postura contrária à manutenção da prisão pudesse trazer desgaste à sua candidatura. A interlocutores, lembrou que o próprio Lira foi um dos poucos parlamentares que votou contra a cassação do ex-presidente da Casa Eduardo Cunha e, mesmo assim, foi reeleito na presidência com votação histórica.

O deputado Antônio Brito (PSD–BA), que também é candidato à presidência, por sua vez, viu seu partido sair vitorioso ao votar em peso pela prisão, assim como o MDB, que tem o deputado Isnaldo Bulhões (MDB–AL) como postulante à sucessão de Lira. Marcos Pereira (Republicanos–SP), outro nome cotado na disputa, não votou.

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