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Por Gabriela Caseff

(Folhapress) — O balão em formato de cigarro de 20 metros, com os dizeres “fogo na bomba” e “legalizar o futuro” anuncia a Marcha da Maconha.

O evento acontece pela primeira vez em um domingo, dia em que a avenida Paulista fica fechada para carros e a cidade de São Paulo tem ônibus gratuitos. Neste ano, o balão dividia espaço com cartazes em repúdio à PEC das Drogas e ao PL Antiaborto por Estupro.

O público que acompanha a marcha se concentrou em frente ao Masp (Museu de Arte de São Paulo), às 14h20. Depois, deu início a uma caminhada até a rua da Consolação e, depois, com destino à praça da República.

O abre-alas da marcha é o bloco terapêutico, onde desfilam o deputado estadual Eduardo Suplicy e Cidinha Carvalho, presidente da Cultive, associação que defende o uso medicinal da Cannabis.

“A PEC é um atraso”, diz Suplicy sobre a proposta de emenda à Constituição que determina que é crime possuir ou carregar drogas independentemente da quantidade e da substância. A PEC foi aprovada na última quarta (12) pela CCJ (Comissão de Constituição e Justiça) da Câmara dos Deputados.

“Vai na direção contrária a inúmeros países da Europa e dos Estados Unidos, onde a Cannabis é respeitada e utilizada com base em estudos científicos”, completa o deputado.

A fumaça dos cigarros se misturava ao tradicional cheiro de churrasquinho na av. Paulista, vendido junto a brigadeiros, brownies e trufas com a substância — a maioria a R$ 10.

“Querem falar de crime no trecho da Constituição que fala de direitos fundamentais”, diz Lara Portugal, 37, integrante da organização da Marcha da Maconha. “Marchamos hoje pela liberdade e, cada vez mais, pelo direito de existir”.

Marcha prega desobediência civil

Sob o mote “Bolando o Futuro sem Guerra”, a organização anuncia a marcha como “o maior ato de desobediência civil do país”, já que o consumo de maconha é proibido, ainda que não seja crime.

“Vão para trás da faixa, lá vocês podem fumar, lá a gente garante”, diz a organização pelo alto-falante.

É o 16º ano em que a Marcha da Maconha pede a legalização do uso da substância, mas o protesto hoje abraça outras pautas da agenda política no país.

Entre eles, o julgamento da descriminalização do porte de maconha para uso pessoal, que está parado no STF (Supremo Tribunal Federal), e o PL Antiaborto por Estupro, que também avançou nesta semana na Câmara.

O projeto de lei foi alvo de outro protesto um dia antes na mesma av. Paulista. Pelo menos 5.000 pessoas, segundo estimativa da Polícia Militar, manifestaram-se contra a proposta de restringir o aborto legal no país e tiveram como alvo o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL).

Outra pauta da Marcha da Maconha é a violência policial no estado de São Paulo, principalmente após as mortes das operações Escudo e Verão.

“A luta é transversal. Todos estamos contra o controle do Estado sobre nossos corpos e contra o moralismo das igrejas”, afirma Gabriela Moncau, 35, integrante da organização da Marcha. “Queremos um mundo mais justo e isso não acontece só legalizando drogas.”

 

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