O tema da vez, escolhido por alguns jornalistas brasileiros para amenizar as atrocidades cometidas por Israel em Gaza, é bater no presidente Lula por ter dito que o governo de Benjamin Netanyahu pratica atos terroristas.
O editorial do indefectível Estadão diz que o presidente distorce os fatos por mero “ranço ideológico da esquerda primitiva”. Usando raciocínio paleolítico do “olho por olho”, o jornal justifica as mortes de crianças palestinas, ao dizer que nenhuma delas teria morrido se o Hamas não tivesse feito o ataque de 7 de outubro. Além disso, repete o argumento de que as forças israelenses matam civis porque o Hamas os faz de escudo.
Por essa lógica, na próxima vez que noticiar um assalto a banco com reféns, veremos o Estadão defender que a polícia os mate para prender os bandidos.
Na Folha, uma colunista criou um check-list sobre terrorismo para tentar desmentir Lula. Se os soldados de Israel não estupram ou decapitam suas vítimas civis, então não são terroristas.
Mesmo que o Exército israelense fosse composto apenas por anjos, esse argumento já seria lamentável (um leitor chegou a ironizar, dizendo que a escriba inverteu a lógica de Maluf: “mata, mas não estupra”).
Mas o pior é que são numerosos os casos em que militares de Israel praticaram violência sexual contra vítimas palestinas. Basta uma busca no Google para que essas informações surjam, de fontes confiáveis. O site Middle East Monitor chegou a noticiar que apenas 2% desses abusos chegam a ser investigados oficialmente.
Há também um site que mais parece porta-voz oficial de Bibi e diariamente antagoniza com a verdade. A distorção chega a ponto de transformar a invasão dos soldados de Israel ao hospital Al Shifa, em Gaza, em incursão beneficente, para levar remédios aos pacientes da unidade.
A devastação de hospitais e escolas, a morte de mais de 10 mil civis e o desaparecimento de outros tantos não deixa dúvida sobre o tipo de benemerência praticada por Israel em Gaza .
Já O Globo cobrou “equilíbrio” de Lula, pois acredita que acusar o Estado de Israel de terrorista pode aumentar o antissemitismo.Se apropria, assim, do argumento falacioso dos sionistas de direita, para quem qualquer critica a Israel tem motivação antissemita.
Por esses veículos de imprensa do Brasil, tudo bem se Netanyahu ordena ataques que matam crianças ou determina que hospitais sejam bombardeados.
Terroristas são os outros.
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