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Chico Alves

Jornalista, por duas vezes ganhou o Prêmio Embratel de Jornalismo e foi menção honrosa no Prêmio Vladimir Herzog. Foi editor-assistente na revista ISTOÉ e editor-chefe do jornal O DIA. É co-autor do livro 'Paraíso Armado', sobre a crise na Segurança Pública no Rio, em parceria com Aziz Filho. Atualmente é editor-chefe do site ICL Notícias.

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Medo da PF levou Flávio Bolsonaro a rasgar a fantasia de ‘moderado’

Façamos todos a nossa parte para que os conspiradores tenham o que merecem
20/11/2024 | 10h01

Todos conhecem Flávio Bolsonaro como o personagem mais moderado entre os políticos de sua família. Nada a ver com bom senso. O senador apenas expressa bolsonarices de uma forma mais comedida que os outros do clã.

É estratégico. Enquanto Jair Bolsonaro está no topo da árvore genealógica golpista, os filhos ocupam cada um a sua função. Carluxo é o que coordena o gabinete do ódio das redes sociais, Eduardo tem atuação estridente e quer organizar a extrema direita. Flávio é aquele que serve de interlocutor quando a família precisa fazer negociações em tom mais civilizado.

A fantasia “paz e amor” do senador foi rasgada nesta terça-feira (19).

Em meio à operação da Polícia Federal que prendeu quatro militares e um agente por participar do plano para matar Lula, Geraldo Alckmin e Alexandre de Moraes, Flávio mostrou-se transtornado. Em sessão do Senado, tentou defender os golpistas argumentando absurdamente que “pensar em matar alguém não é crime“.

Sustentou que isso não seria motivo para abrir um inquérito e argumentou de forma inacreditável: “Vontade de matar alguém todo mundo uma vez na vida já teve”.

Depois de expelir alguns palavrões, foi além. Deu um chute na moderação e, com expressão tensa, resolveu anunciar um ultimato golpista ao Brasil.

“E eu digo o seguinte para o Alexandre de Moraes: ele tem duas opções. Ou a gente aprova a anistia aqui, ampla, geral e irrestrita para todo mundo, e algum parlamentar faça uma emenda para incluir ele nessa anistia, porque ele cometeu crimes ao longo desse tempo; ou a gente da mesma forma vai aprovar a anistia e quando tivermos maioria neste Senado a gente vai cassar o Alexandre de Moraes. Ele vai ser impedido pelos diversos crimes que ele reiteradamente está cometendo, desgraçando a vida de centenas, de milhares de famílias brasileiras”.

Além de expor o nível lamentável do Senado brasileiro, em que um dos seus integrantes se acha no direito de ameaçar o representante de outro poder e investir contra a democracia, a fala de Flávio revela algo importante: ele tem medo. Muito medo.

Tornado público o plano golpista homicida e efetuadas as prisões de figuras de alta patente que participaram da trama, o filho 01 sabe muito bem que aumentaram exponencialmente as chances de que também seja presa uma pessoa muito importante no enredo: Jair Bolsonaro.

Essa possibilidade cada vez mais próxima de se realizar está assombrando o imbrochável, os descendentes e apoiadores.

Na iminência de ter agentes da PF batendo à porta dos seus, o senador apela para bravatas, ameaças, xingamentos.

Não que seja inofensivo. Como se sabe, até pequenos ratos quando acuados podem atacar e causar problemas sérios a quem os fustiga. Mas se aquele que estiver com a vassoura na mão para espantá-los souber agir da forma correta, os roedores saem perdendo.

É urgente que não só as autoridades, mas toda a sociedade aja do jeito certo em relação aos inimigos da democracia.

“Lugar de golpista é na cadeia” não pode ser somente refrão de passeata ou palavra de ordem impressa em um adesivo. É a tradução perfeita do que manda a lei.

Façamos todos a nossa parte para que os conspiradores tenham o que merecem.

Para desespero de Flávio Bolsonaro.

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