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Ex-comandante da Rota: quem é Mello Araújo, nome para vice de Nunes em SP

Ex-policial militar teve autorização de Jair Bolsonaro para montar clube de tiro dentro da Ceagesp
21/06/2024 | 17h48

Por Igor Carvalho — Brasil de Fato

Ricardo Mello Araújo, ex-comandante da Rondas Ostensivas Tobias de Aguiar (Rota) e ex-presidente da Companhia de Entrepostos e Armazéns Gerais de São Paulo (Ceagesp), deverá ser anunciado pré-candidato a vice na chapa do prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB), que tentará a reeleição este ano. A informação foi divulgada na tarde desta quinta-feira (20) por veículos de imprensa e deve ser oficializada pelo governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) na sexta-feira (21).

O nome do ex-comandante da Rota era a condição imposta pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) para apoiar Nunes. Dessa forma, com Araújo e Nunes, a extrema direita apresenta ao eleitorado paulistano sua chapa, que deverá polarizar a disputa eleitoral na capital paulista com a candidatura da esquerda, formada pelo deputado federal Guilherme Boulos (PSOL) e sua vice, Marta Suplicy (PT).

Nunes pretendia empurrar a escolha do vice até o limite permitido pela lei eleitoral, dia 5 de julho deste ano, para tentar dissuadir Bolsonaro da indicação de Araújo. Porém, a entrada e ascensão do coach Pablo Marçal (PRTB) na corrida eleitoral de São Paulo acelerou a decisão.

Mello Araújo com os filhos em unidade de Clube de Tiro (Foto: Reprodução/Instagram)

Marçal forçou a aproximação com bolsonaristas insatisfeitos com Nunes e chegou a ser recebido por Jair Bolsonaro em Brasília. A movimentação do coach teria preocupado a equipe do prefeito, que teria ficado receosa de perder a aliança com a extrema direita e, então, acelerou a aproximação com Mello Araújo.

Militarização e clube de tiro na Ceagesp de Mello Araújo

Mello Araújo, de 53 anos, é coronel aposentado da Polícia Militar de São Paulo, onde chegou a ser comandante do grupo tido como elite da corporação, a Rota. À frente do destacamento, chegou a defender que policiais façam abordagens diferentes em bairros com moradores ricos, como Jardins e Vila Olímpia, e na periferia.

No dia 23 de outubro de 2020, Araújo assumiu a presidência da Ceagesp, indicado por Jair Bolsonaro. À frente do entreposto, nomeou 22 policiais militares para os 26 cargos comissionados para empregados sem vínculo com a Administração Pública disponíveis na Companhia.

Na época das nomeações, dos 22 policiais militares, oito estavam lotados no gabinete da presidência, divididos entre os cargos de assistente executivo e assessor técnico. Todos pediram demissão com Mello Araújo no dia 6 de janeiro de 2023, quando o vice de Nunes pediu para ser exonerado, após o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) derrotar Bolsonaro nas urnas, nas eleições de 2022.

Mello Araújo presidiu Ceagesp no governo Bolsonaro
(Foto: Reprodução/Instagram)

No dia 9 de dezembro de 2020, Araújo completava 40 dias na presidência da Ceagesp. Bem cedo, às 8h, decidiu fazer uma visita surpresa ao Sindicato dos Carregadores Autônomos (Sindicar) e levou consigo um grupo de assessores armados.

O Brasil de Fato teve acesso às imagens da invasão ao sindicato (clique aqui). É possível ver Mello Araújo, de camisa branca, à frente do grupo. Em algumas fotos, assessores do presidente apontam as armas para os trabalhadores. Os sindicalistas afirmam que o presidente da Ceagesp e seus assessores alegavam que haviam armas escondidas no espaço.

Na presidência de Mello Araújo, a Ceagesp autorizou a inauguração de um clube de tiro dentro da sede do entreposto na Vila Leopoldina, zona oeste da capital paulista, em julho de 2022. O espaço funcionou até 22 de novembro do mesmo ano.

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