Nos últimos anos, a média de idade da população no mercado de trabalho subiu e se aproxima cada vez mais dos 40 anos, de acordo com um levantamento realizado pela consultoria LCA, divulgado pela reportagem do jornal O Estado de S Paulo. Dados recentes do Censo mostraram que a taxa média de crescimento populacional é a menor desde o primeiro levantamento feito no País, em 1872. O resultado é um ritmo menor de jovens entrando no mercado de trabalho comparado ao que ocorreu até bem pouco tempo.
O que mais preocupa é que cerca de 11,5 milhões de jovens entre 15 e 29 anos não trabalham nem estudam no Brasil. Chamado de nem-nem, esse grupo cresceu de forma exponencial nas últimas décadas até atingir o auge na pandemia, de cerca de 30% da faixa etária. Esse número caiu para 23% da população no primeiro trimestre deste ano, segundo dados da FGV Social.
A proporção de jovens nessa condição está acima da média internacional. No ano passado, o relatório Education at a Glance 2022, da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), mostrou que o Brasil tinha o segundo maior porcentual de jovens entre 18 e 24 anos que não trabalhavam nem estudavam.
Envelhecimento no mercado de trabalho mostra que educação é a única saída
O envelhecimento do país e, consequentemente, do mercado de trabalho abrem desafios tanto para o setor público como para o privado. A expectativa é que a população em idade ativa diminua já a partir da primeira metade da próxima década, antecipando um movimento que estava previsto para o final dos anos 2030.
Para os diferentes níveis de governo, portanto, é ainda mais importante avançar na melhoria da qualidade da educação pública. A economia brasileira já passou pelo bônus demográfico, conseguiu avançar nos anos de escolaridade, mas não viu a população subir nos rankings internacionais que medem a qualidade do ensino.
Agora, sem poder contar com mais mão de obra disponível para ingressar no mercado de trabalho, o crescimento do País ficou ainda mais dependente do aumento da produtividade, que está ligada à melhoria nos níveis de educação.
Marcelo Neri afirma que até hoje nunca faltou mão de obra para o Brasil avançar. “Olhando para trás, primeiro tivemos a escravatura, depois a imigração e, em seguida, o êxodo rural. Agora não temos alternativas.” Pior que isso, diz ele, é que, além de ter de conviver com menos jovens entrando no mercado de trabalho, também há a migração para fora do País, acentuada sobretudo por causa da demanda por profissionais de tecnologia.
A cada ano, afirmam os especialistas, novos estudantes se formam e não conseguem ser absorvidos no mercado, o que cria um bolsão de nem-nem. Sem emprego nem renda, eles não conseguem fazer a graduação e muitos param no meio do caminho. No final, o crescimento dos nem-nem significa perda de produtividade e de capital humano.
Redação ICL Economia
Com informações do jornal O Estado de S Paulo
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