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Milei demite 15 mil servidores e militariza prédios públicos para barrar protestos

Demissões podem provocar uma paralisia em órgãos de ciência e tecnologia na Argentina, afirma pesquisadora
03/04/2024 | 16h52

Por Lucas Rocha

O governo da Argentina, comandado por Javier Milei, encheu edifícios públicos nesta quarta-feira (3) com centenas de policiais para impedir o ingresso de trabalhadores após ter anunciado, em pleno feriado, a demissão de milhares de servidores. A decisão impacta em diversos setores e é alvo de protestos.

Segundo informações do portal Página 12, não houve comunicação oficial prévia e os funcionários dispensados só souberam da demissão ao chegarem em seus postos de trabalho depois do feriado prolongado. Além da semana santa, em 2 de abril o país tem o feriado do Dia das Ilhas Malvinas.

O porta-voz do governo, Manuel Adorni, confirmou que 15 mil pessoas foram demitidas e disse que a medida faz parte do “esforço” de Milei em cortar gastos. Segundo ele, foi demitido o “pessoal desnecessário”. O presidente anunciou no final de março que quer cortar 70 mil servidores.

Entre os órgãos afetados estão o Serviço Meteorológico Nacional, o Conselho Nacional de Investigações Científicas (Conicet), além de postos ligados às pastas de Ciência e Tecnologia, Desenvolvimento Social, Trabalho e Direitos Humanos, Educação e Esporte.

Em janeiro, Milei enfrentou greve geral na Argentina. Foto: Reprodução

Milei: retrocesso

Nuria Giniger, pesquisadora do Conicet e secretária-geral da associação de trabalhadores do órgão (ATE), disse em entrevista ao ICL Notícias que esse ato demonstra que o governo Milei “está decidido a destruir o Estado Nacional e a soberania científico-tecnológica”.

A demissão em massa em órgãos de ciência e tecnologia pode provocar a paralisia no setor, segundo a pesquisadora.

Para Giniger, a decisão do governo de colocar oficiais nos edifícios públicos tinha como objetivo amedrontar os trabalhadores.

“É um ato de disciplinamento com uma vontade de aterrorizar. Estamos organizando ações de protestos, são 15 mil trabalhadores sem emprego diante de um governo que não tem nenhum pudor em destruir postos de trabalho tanto na ciência e na tecnologia quanto em outras áreas do Estado que impactam diretamente sobre o bem-estar da nossa sociedade”, disse Ginger.

A representante do Conicet disse que há a previsão de uma grande manifestação em defesa das estatais na sexta-feira. Centrais sindicais avaliam a possibilidade de convocação de uma greve geral.

Enquanto avança com o desmonte do Estado através da demissão de servidores, Milei trabalha para apresentar na próxima semana ao Congresso uma nova versão da chamada Lei Ônibus, rejeitada em fevereiro.

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