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Juliana Dal Piva

Formada pela UFSC com mestrado no CPDOC da FGV-Rio. Foi repórter especial do jornal O Globo e colunista do portal UOL. É apresentadora do podcast "A vida secreta do Jair" e autora do livro "O negócio do Jair: a história proibida do clã Bolsonaro", da editora Zahar, finalista do prêmio Jabuti de 2023.

Ministros veem com apreensão decisão de incluir Musk no caso das milícias digitais

Duração de inquéritos que apuram crimes cometidos em redes sociais não agrada integrantes da Corte
08/04/2024 | 19h20

Com Karla Gamba

A duração dos inquéritos das milícias digitais e das fake news, sob a relatoria de Alexandre de Moraes, tem desagradado alguns de seus colegas no Supremo Tribunal Federal (STF).

Essa análise voltou a ser ouvida nos bastidores da Corte, sobretudo, a partir da noite de domingo (7), quando Moraes incluiu Elon Musk — dono da rede social X (antigo Twitter) — como investigado no inquérito das milícias digitais, aberto em julho de 2021. Na mesma decisão, o ministro do STF determinou a aplicação de multas para a rede social em caso de descumprimento de decisões já tomadas pela Justiça brasileira.

O imbróglio começou após Elon Musk criticar Alexandre de Moraes em seu perfil no X e dizer que a plataforma era forçada, por decisões judiciais, a bloquear contas no Brasil, o que Musk classificou como censura. Ele afirmou ainda que o X não iria cumprir as decisões da Justiça brasileira e reativaria perfis bloqueados por dispararem conteúdos falsos, antidemocráticos, além de incitarem ódio contra pessoas e instituições do país.

Se por um lado, a posição de Moraes é vista de maneira unânime como importante para demarcar o respeito às leis e ao Judiciário do Brasil, por outro, a inclusão de Musk como investigado está dividindo opiniões. Na avaliação de assessores e interlocutores do Tribunal, colocar o dono do X como investigado pode ampliar equivocadamente o debate sobre a regulamentação das big techs.

Ministros e interlocutores ouvidos pela coluna afirmaram, reservadamente, que a protelação das investigações pode endossar a narrativa de “perseguição política”, enfraquecendo o material que “sustenta legitimamente os inquéritos”, nas palavras de um ministro.

Além das milícias digitais, a duração de outro inquérito também vem sendo alvo de críticas: o das fake news, que já dura cinco anos, aberto em março de 2019.

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