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Ranier Bragon e Lucas Marchesini

(Folhapress) – Os ministros do STF (Supremo Tribunal Federal) Alexandre de Moraes, Flávio Dino, Gilmar Mendes e Cristiano Zanin assistiram na noite desta terça-feira (15) ao jogo entre Brasil e Peru na tribuna de honra do estádio Mané Garrincha, em Brasília.

Neste mesmo camarote estavam ministros do governo Lula, como Jorge Messias (Advocacia-Geral da União) e Paulo Pimenta (Secom), entre outros políticos.

De acordo com Pimenta, todos os ministros do governo foram convidados para ver o jogo no camarote da CBF (Confederação Brasileira de Futebol).

A assessoria de imprensa do STF, porém, disse que os ministros da corte ficaram na Tribuna de Honra do estádio com convites oferecidos pela administração da Arena Mané Garrincha e “entregues por um representante do governo do Distrito Federal”, que é comandado por Ibaneis Rocha (MDB).

A CBF não se manifestou.

O camarote que abrigou as autoridades fica em região central do estádio, pouco acima do setor de cadeiras inferiores.

Boa parte deles estava em trajes sociais. Dino e Messias vestiam camisas dos clubes para os quais torcem, Botafogo e Sport, respectivamente.

STF julga o futuro do atual presidente da CBF

A presença dos magistrados na tribuna de honra de estádio que abrigou jogo da seleção pelas Eliminatórias da Copa do Mundo de Futebol de 2026 se dá enquanto o STF julga o futuro do atual presidente da CBF -entidade que comanda o futebol nacional–, Ednaldo Rodrigues, e de oito vice-presidentes.

Os ministros analisam no julgamento se a eleição de Rodrigues, ocorrida em 2022, foi legal.
O Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro decidiu em dezembro de 2023 que a eleição era ilegal e que os mandatos do presidente e de todos os vice-presidentes eram nulos.

Menos de um mês depois, em 4 de janeiro deste ano, o ministro Gilmar Mendes, um dos presentes na partida, concedeu uma liminar anulando a decisão do tribunal carioca e mantendo a cúpula da entidade em seus cargos.

O caso foi a plenário para ser analisado no último dia 9, com o ministro Gilmar Mendes votando no mesmo sentido da liminar, pela validade das eleições na CBF e, portanto, para que Rodrigues continue no cargo até a próxima eleição.

O seu voto pedia para que o mérito do caso fosse julgado e não somente a validade da liminar. Segundo Mendes, o Judiciário deve evitar intervir em entidades esportivas como a CBF por motivos de segurança jurídica.

Logo em seguida, o ministro Flávio Dino pediu vistas e uma decisão final do STF foi postergada. Não há definição de quando a análise será retomada. Antes do início da análise, o caso foi pautado ao menos cinco vezes no plenário da corte.

Rodrigues chegou ao comando da CBF após o afastamento de seu antecessor, Rogério Caboclo, alvo de denúncias de assédio contra funcionárias.

À época, Rodrigues presidia a entidade interinamente e firmou um Termo de Ajustamento de Conduta com o Ministério Público do Rio de Janeiro, o que abriu caminho para fosse eleito mais tarde e efetivado no cargo.

Luiz Fux e o presidente do STF, Luís Roberto Barroso, se declaram impedidos de participar desse julgamento por haver pessoas próximas deles que advogaram no caso.

STF

Os ministros do STF Flavio Dino, Gilmar Mendes, Alexandre de Moraes e Cristiano Zanin assistem ao jogo do Brasil contra o Peru no camarote da CBF

O Mané Garrincha, que se chama oficialmente Arena BRB Mané Garrincha, foi o mais caro entre as 12 sedes da Copa de 2014, tendo custado cerca de R$ 2,5 bilhões em valores atuais, corrigidos pela inflação.

Em 2020, o governo federal repassou a administração para a iniciativa privada.

O dono da Arena BSB, empresa que tem a concessão do estádio, é Richard Dubois. O empresário atuou em consultorias internacionais antes de vencer a disputa pela gestão da arena. Além do estádio, ele também arrematou a Torre de TV Digital de Brasília, um edifício cujo projeto é de Oscar Niemeyer.

A Folha de S.Paulo procurou a Arena e o governo do Distrito Federal e aguarda uma manifestação.

 

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