A agência de classificação de riscos Moody’s anunciou ontem (1º) que manteve a nota de crédito do Brasil no nível Ba2, mas mudou a perspectiva da avaliação de “estável” para “positiva”. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, comemoraram a decisão da agência.
Essa é a primeira movimentação da Moody’s desde 2018. Ao indicar um viés positivo na análise, a Moody’s sinaliza que pode elevar a nota de crédito do país no futuro.
Em seu comunicado, a agência creditou a atualização especialmente às perspectivas para o crescimento real do PIB (Produto Interno Bruto) do Brasil.
Para a agência, esse movimento é consequência da implementação de reformas estruturais ao longo dos governos recentes. Na avaliação da Moody’s, o crescimento mais forte combinado com um progresso contínuo mas gradual da consolidação fiscal, pode permitir que o peso da dívida do Brasil se estabilize.
Atualmente a nota de crédito do Brasil na agência é Ba2 e fica no chamado “grau especulativo”, indicando um risco maior para investimentos estrangeiros.
Na classificação da Moody’s, o Brasil está atualmente a “dois degraus” do grau de investimento. O mesmo acontece nas classificações das agências S&P e Fitch
Apesar de elevar para Ba2 positivo a nota, a agência não deixou de expressar preocupações com as contas públicas. O comunicado menciona que, com o novo arcabouço fiscal (conjunto de regras fiscais que limita o crescimento de despesas em relação à receita), a dívida do país deve se estabilizar gradualmente em alguns anos, mas alertou que o caminho para melhorar o primário traz riscos.
“Os riscos para consolidação fiscal permanecem devido à dependência do aumento da arrecadação fiscal para alcançar déficits menores e à capacidade restrita do governo de cortar gastos”, indicou em nota.
O comunicado diz que um “crescimento mais forte” e uma “consolidação fiscal” podem estabilizar o peso da dívida nas contas públicas, mas aponta que “há riscos” para a continuidade dessa melhora.
“A afirmação do rating Ba2 está baseada na força fiscal ainda relativamente fraca do Brasil, dado o nível elevado de endividamento do país e sua fraca capacidade de pagamento da dívida, que permanece sensível a choques econômicos ou financeiros”, diz a nota da Moody’s.
No ano passado, quatro agências mudaram a classificação de risco do país. São elas a DBRS Morningstar, Austin Rating, Fitch e a S&P Global Ratings, que elevou de “estável” para “positivo” o rating brasileiro, ao reconhecer os sinais de melhora na estabilidade das políticas fiscal e monetária do país.
A nota de crédito é usada pelos investidores para avaliar em quais países ou empresas o investimento é mais seguro. Se a nota é mais baixa, o risco é maior – o que, em economia, significa cobrar juros mais altos.
Lula e Haddad comemoram mudança na classificação da Moody’s
O presidente Lula e Haddad comemoraram ontem a decisão da agência de classificação de risco. Em publicação numa rede social, Lula afirmou que o Brasil “voltou a ser respeitado no mundo e voltou a ter credibilidade econômica e ambiental”. Já Haddad avaliou que a decisão reconhece perspectivas positivas na economia do Brasil.
O ministro da Fazenda avaliou, ainda, que a atualização “tem a ver” com o trabalho conjunto dos Três Poderes — Executivo, Legislativo e Judiciário —, que, segundo ele, “colocaram os interesses do país acima de divergências superáveis”.
“A Moody’s acompanhou as outras agências de risco ao reconhecer a mudança para melhor das nossas perspectivas econômicas. Isso tem a ver com o trabalho conjunto dos Três Poderes, que colocaram os interesses do país acima de divergências superáveis. Mesmo com a deterioração momentânea da economia global, o Brasil caminha e recupera credibilidade econômica, social e ambiental. Temos muito a fazer”, escreveu Haddad.
A Fazenda também divulgou nota. “O Ministério da Fazenda reafirma o compromisso do país com uma trajetória sustentável para as contas públicas, combinando esforços para melhorar a arrecadação e para conter a dinâmica das despesas.”
Representantes da agência se reuniram com o ministro da Fazenda no último dia 23, mas não houve anúncios após o encontro.
O país chegou receber o grau de investimento da Moody’s entre 2009 e 2015, mas vem se mantendo na nota de crédito Ba2 desde então.
Além da Moody’s, as outras duas agências principais de classificação de risco que concedem (ou não) o chamado grau de investimento são a S&P Global Ratings e a Fitch.
As três firmas adotaram trajetórias semelhantes ao avaliar a segurança para investir no Brasil nos últimos anos.
S&P e Fitch concederam o grau de investimento ao Brasil um ano antes da Moody’s, em 2008 – e também retiraram o grau um ano antes, em 2014.
Em dezembro de 2023, a S&P elevou a nota do Brasil de BB- para BB. Assim como na escala da Moody’s, o Brasil ficou a dois degraus do grau de investimento.
Redação ICL Economia
Com informações das agências de notícias
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