Por Clayton Castelani, Leandro Vieceli e Victor Antonio
(Folhapress) — Tipos mais precários de habitações do país, os domicílios com paredes de madeira reaproveitada de tapumes, andaimes, embalagens e outros materiais e as casas de taipa sem revestimento ainda abrigam cerca de 2,5 milhões de brasileiros, segundo dados do Censo 2022 do IBGE divulgados nesta quinta-feira (12).
Dados sobre as características dos municípios também mostram que pessoas pretas e pardas são, proporcionalmente, maioria entre os residentes em domicílios com indicadores de precariedade.
Além do tipo de revestimento das paredes, também são sinais de precariedade a existência de mais de dois moradores por dormitório e a ausência de máquina de lavar roupas e de internet na habitação.
Em declínio no país, as casas de taipa sem revestimento são as mais comuns entre os domicílios precários.
Cerca de 1,3 milhão de pessoas vivem nesse tipo de domicílio, o equivalente a 0,6% da população. No ano de 2010, penúltimo levantamento realizado pelo IBGE, esse tipo de domicílio servia a 1,01% da população.
Casas precárias
Técnica milenar que consiste no fechamento com barro cru e palha da trama de galhos e gravetos que formam as paredes, a taipa foi amplamente utilizada no período colonial. Mas nem todas as casas que utilizam esse sistema são precárias.
Enquadram-se mais frequentemente no critério de precariedade as casas especificamente chamadas de pau a pique ou taipa de mão, cuja compactação do barro é feita com as mãos.
Taipa sem revestimento é o tipo de moradia de mais de 25% dos habitantes em nove municípios, sendo oito deles no Maranhão.
Já as moradias feitas com madeira reaproveitada e embalagem, também consideradas precárias, servem de lar para cerca de 285 mil pessoas no país, ou 0,1% da população. Ainda há aproximadamente 960 mil pessoas em habitações com outros materiais também considerados precários.
Quando se olha para quem vive dentro das casas cujo material das paredes não conta com revestimento, o que se observa é a desigualdade por cor ou raça, segundo critérios utilizados pelo IBGE.
Vive neste tipo de domicílio 14,1% da população autodeclarada preta e 15,1% da parda. Entre brancos e amarelos, as proporções caem para 10% e 5,2%, respectivamente.
Cerca de 56% da população indígena vive em domicílios que possuem paredes com materiais diferentes de alvenaria ou taipa revestida. Isso não significa necessariamente que este grupo deva ser enquadrado como domiciliado em condição precária ou que demande política pública, dadas características culturais que diferenciam o modo de vida dessa parte da população.
Casas de alvenaria, mesmo que sem revestimento nas paredes, não são consideradas precárias. É nesse tipo de domicílio que vivem 7,6% dos residentes do país.
Casas com paredes revestidas, sejam elas de alvenaria ou até mesmo de taipa, foram o tipo mais amplo de domicílios registrados no país em 2022. É neste tipo de construção em que 87% da população reside.
Os dados do Censo também revelam aumento proporcional da população vivendo em habitações de qualidade. Em 2010, as pessoas vivendo em casas com paredes revestidas representavam 79% dos residentes no país.
O consistente avanço das moradias mais estruturadas é, na avaliação do analista do IBGE Bruno Perez, um dos indicadores que mais chama a atenção entre os dados divulgados nesta sexta. “Nós observamos uma evolução no sentido de haver mais estrutura quanto às habitações”, diz.
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