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Uma das economistas mais importantes do Brasil, Maria da Conceição de Almeida Tavares, de 94 anos, morreu na madrugada deste sábado (8) em Nova Friburgo, na região serrana do Rio de Janeiro. Ela deixa dois filhos, dois netos e um bisneto. A causa da morte não foi revelada.

Defensora ferrenha do desenvolvimento econômico com distribuição de renda, Maria da Conceição Tavares também sempre defendeu a erradicação das desigualdades sociais brasileiras e foi responsável por formar diversas gerações de economistas.

“Continuo querendo uma democracia multirracial nos trópicos, que era a tese de Darcy Ribeiro. Isso era realmente o que eu queria ver, mas por enquanto não tem”, disse no documentário biográfico “Livre Pensar”, dirigido pelo cineasta José Mariani e lançado em 2019.

Portuguesa brasileira

Maria da Conceição Tavares nasceu em Anadia, em Aveiro, Portugal, e cresceu em Lisboa. Filha de uma mãe católica e um pai anarquista — ele abrigava refugiados da Guerra Civil Espanhola –, a economista chegou a cursar Engenharia na Universidade de Lisboa, mas desistiu e optou pelo curso de Ciências Matemáticas.

Diplomada em 1953, Maria da Conceição Tavares migrou para o Brasil em 1954 para escapar da repressão do regime fascista do ditador português António Salazar. Ao chegar ao país, deu entrada na nacionalidade brasileira e foi estudar Economia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) — ela se formou em 1960.

Foi professora de várias gerações de economistas, tento atuado no atual Instituto de Economia da UFRJ e no Instituto de Economia da Universidade de Campinas (Unicamp).

Junto com os economistas Mário Henrique Simonsen, Delfim Netto e João Paulo dos Reis Velloso, foi responsável pela criação da primeira pós-graduação em Economia no Brasil e do Instituto de Economia da Unicamp.

Maria da Conceição Tavares no programa ‘Roda Viva’, da TV Cultura

Maria da Conceição Tavares e o golpe

Com o golpe militar de 1964, Maria da Conceição Tavares se exilou no Chile, onde trabalhou na Comissão Econômica para América Latina e Caribe (Cepal).

No Chile, escreveu, em 1972, o livro “Auge e declínio do processo de substituição de importações no Brasil — da substituição de importações ao capitalismo financeiro”.

De volta ao Brasil, a economista foi presa em 1974. Ela passou alguns dias no DOI-Codi do Rio de Janeiro até ser solta por intervenção do próprio presidente Ernesto Geisel, a pedido de Mário Henrique Simonsen, então ministro da Fazenda.

Maria da Conceição Tavares foi filiada ao MDB, de 1980 a 1989. Em seguida, entrou para o PT e foi deputada federal pelo Rio de Janeiro, entre os anos de 1995 a 1999.

Vida familiar

Torcedora do Vasco da Gama, a economista se casou duas vezes. A primeira, ainda em Portugal, foi com o engenheiro português Pedro José Serra Soares. Com ele, teve a filha Laura.

O segundo casamento foi no Brasil, com o professor de Ciências Biológicas da UFRJ Antônio Carlos de Magalhães Macedo. Com ele, teve o filho Bruno.

Obras

  • Entre seus principais livros, destacam-se: “Da substituição de importações ao capitalismo financeiro (1972)”, “Acumulação de capital e industrialização no Brasil” (1986), “A economia política da crise” (1982), “(Des)ajuste global e modernização conservadora”, com José Luís Fiori (1993), e “Poder e dinheiro”, também com José Luís Fiori (1997).

Entrevista ao Roda Vida (TV Cultura/1995)

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