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Morre o jornalista e pesquisador Sérgio Cabral, pai do ex-governador do RJ

Chegou a ser preso na ditadura devido à sua atuação no jornal O Pasquim
14/07/2024 | 12h28

Morreu na manhã deste domingo (14/7) no Rio de Janeiro o jornalista Sérgio Cabral, aos 87 anos. A informação foi confirmada pelo filho, o ex-governador Sérgio Cabral Filho, que fez uma postagem no Instagram. “Sérgio Cabral, meu pai, meu herói, faleceu nessa manhã. Peço uma oração por ele”, disse o ex-governador.

“Ele resistiu por três meses. Peço que orem por ele, pela alma dele. Por tudo o que ele fez no Rio de Janeiro e no Brasil. Pela música e pelo futebol, pela família linda que ele construiu”, disse o filho do jornalista.

Nascido em 27 de maio de 1937, no Rio de Janeiro, Sérgio Cabral começou a carreira no jornalismo, aos 20 anos. Trabalhou como repórter, redator e cronista em quase todos os jornais e emissoras de televisão da capital fluminense.

Foi um dos grandes divulgadores da cultura popular carioca, dando espaço e produzindo espetáculos de nomes como Cartola, Nelson Cavaquinho e Clementina de Jesus.

Segundo o jornalista Ediel Ribeiro, Sérgio Cabral nasceu em Cascadura e foi criado no bairro de Cavalcanti, no Rio de Janeiro. Começou a trabalhar como jornalista no Diário da Noite, em 1957.

Dali, foi para o “Jornal do Brasil”, onde escrevia a coluna “Onde o Rio é mais carioca”. Por ocasião da Copa de 62, participou da mais famosa mesa-redonda esportiva do rádio; a seminal “Resenha Facit”, ao lado de João Saldanha, Armando Nogueira e Nelson Rodrigues.

Assinou colunas no “Jornal dos Sports”, “Última Hora”, “O Globo” e “O Dia”, onde escreveu até 1993.

Desde então, atuou como produtor de discos, repórter, redator, cronista e editor em diversos jornais, revistas e emissoras de TVs.

Sérgio Cabral era querido por todos. Pelo pessoal do jornalismo, do futebol e da música. Levava a vida na boêmia, regada a cerveja, uísque e longos papos com Cartola, Elton Medeiros, Sérgio Augusto, Jaguar, Nelson Cavaquinho, Lan, Paulinho da Viola, Martinho da Vila, Hermínio Belo de Carvalho, Rildo Hora, João Nogueira, Tom, Vinícius e outros.

Sergio Cabral pai, o filho ex-governador e o neto

A partir de 1977, dedica-se, principalmente, à literatura, já tendo publicado mais de uma dezena de livros, entre eles: “Pixinguinha, vida e obra” (1977); “O ABC do Sérgio Cabral” (1979); “Tom Jobim” (1987); “No tempo do Almirante” (1991); “No tempo de Ari Barroso” (1993); “Elizeth Cardoso, vida e obra” (1994); “Antonio Carlos Jobim — Uma biografia” (1997); “Nara Leão — Uma biografia” (2001) e “Grande Otelo — Uma biografia” (2008), entre outros.

Letrista bissexto, com o parceiro Rildo Hora, Sérgio Cabral escreveu as letras de “Janelas azuis”, “Visgo de jaca”, “Velha-guarda da portela” e “Os meninos da mangueira”.

Entrou na política em 1982, quando foi eleito vereador, e reeleito em 1988, tendo atuado na elaboração da Lei Orgânica do Município e do Plano Diretor da Cidade.

Entre os projetos de sua autoria transformados em lei, está o que constitui o bairro de Santa Teresa em área de proteção ambiental e o que obriga a construção de salas de espetáculos nos centros comerciais construídos no Rio.

No cargo de Secretário Municipal de Esportes e Lazer (1987–1988) criou a Fundação Rio Esporte entre outras atuações destacadas.

Em 1993 teve seu nome aprovado pela Câmara de Vereadores para exercer a função de Conselheiro do Tribunal de Contas do Município substituindo o Conselheiro aposentado Luiz Alberto Bahia. Tomou posse em 15 de abril de 1993 e se aposentou em 2007.

Era torcedor declarado do Vasco. Como jornalista, foi um dos fundadores de O Pasquim, um dos veículos que revolucionou a imprensa brasileira, e enfrentou o regime militar. Chegou a ser preso na ditadura devido à sua atuação no jornal.

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