No primeiro trimestre de 2024, o número de mortes cometidas por policiais militares no estado de São Paulo cresceu 86% em comparação com 2023, primeiro ano de Tarcísio de Freitas (Republicanos) à frente do governo de São Paulo. O número passou de 106 para 197 mortes no período.
Os dados são de um levantamento feito pela GloboNews com base nos números divulgados pelo Grupo de Atuação Especial da Segurança Pública e Controle Externo da Atividade Policial (Gaesp), do Ministério Público Estadual.
Na Baixada Santista, onde desde dezembro ocorre a Operação Verão, a alta foi de 427% na letalidade. Na região, as mortes cometidas por PMs entre janeiro e março saltaram de 15 para 79 entre 2023 e 2024.
Os dados se referem às mortes cometidas por PMs tanto de serviço quanto de folga.
188 tiros de fuzil contra três suspeitos no litoral de SP
Oito policiais militares efetuaram 188 tiros de fuzil contra três suspeitos durante uma ação no Morro Nova Cintra, em Santos, no litoral de São Paulo. O número de disparos consta no boletim de ocorrência registrado após a atuação dos agentes pela 3ª fase da Operação Verão, que já soma 56 mortes.
O caso aconteceu no bairro Vila Progresso, onde PMs realizavam a operação. Os agentes foram recebidos a tiros de pistola e fuzil. Um vídeo mostra a ação dos agentes no local, onde é possível ouvir os disparos.
Os agentes revidaram contra os três suspeitos, e 188 disparos foram efetuados. O policial que mais atirou fez 34 disparos, enquanto os demais deram 28, 25, 23, 23, 21, 19 e 15 tiros. Após o confronto e as buscas no local, os suspeitos e objetos que pudessem ser de interesse da polícia para apreensão não foram encontrados.
Operação da PM mais letal desde o Carandiru
A primeira fase da Operação Verão começou em 18 de dezembro, com foco no reforço da segurança das cidades do litoral durante a alta temporada de verão. Iniciou-se nova fase após a morte do soldado da Rota Samuel Wesley Cosmo, 35, no dia 2 de fevereiro — ele foi assassinado durante patrulhamento em uma favela de palafitas na periferia de Santos.
Após o secretário da Segurança Pública, Guilherme Derrite, dizer não reconhecer excessos por parte da PM, a Ouvidoria da Polícia disse ter encaminhado ao governo do estado 27 queixas de abusos na operação entre janeiro e fevereiro.
Diante da violência que atinge a região, organizações de direitos humanos denunciaram na ONU as ações da PM no litoral. O governador chegou a dizer “não estar nem aí” para as possíveis denúncias de violações apresentadas para o colegiado internacional.
O que diz o governo de SP sobre o número de mortes
“A SSP esclarece que as mortes em confronto são consequência da reação de criminosos às operações de combate à criminalidade, que tem forte presença na Baixada Santista. Em todos os casos foram apreendidas as armas utilizadas pelos suspeitos para atacar os agentes de segurança, sendo as ocorrências rigorosamente investigadas pelas polícias Civil e Militar, com acompanhamento das respectivas corregedorias, Ministério Público e Poder Judiciário.
O compromisso das polícias paulistas é garantir a segurança da população e levar à Justiça aqueles que infringem as leis. Os resultados do 1° bimestre desse ano apontam esse caminho. Houve aumento de 8,5% no número de criminosos presos e apreendidos no estado, totalizando 33.160, e alta de 33,4% de armas apreendidas, e mais de 26 toneladas de drogas – cerca de 400 kg por dia. Fevereiro teve o menor número de casos e vítimas de homicídios dolosos em 24 anos. Na região de Santos, houve quedas de 19% nos roubos e 10,4% nos furtos. As armas apreendidas subiram 84,7% e as prisões, 3,4%.
No estado , nos dois primeiros meses do ano, houve 122 casos de mortes por policiais em serviço, o que representa 0,3% do total de detidos.
Quanto à Operação Verão, a 3ª fase permanece em andamento. Desde o início, 2,6 toneladas de drogas foram apreendidas e 1,1 mil presos.
Sobre a mulher baleada em Santos, os fatos são investigados pelo 5º DP da cidade e pela PM, que instaurou um Inquérito Policial Militar (IPM). Exames periciais estão em andamento, incluindo o residuográfico. Quando concluídos, os laudos serão remetidos à autoridade policial para análise e esclarecimento.”
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