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‘A mulher não vota em mulher, mulher é inteligente’, diz Marçal em debate

Penúltimo encontro entre candidatos antes do primeiro turno teve formato de banco de tempo
01/10/2024 | 07h12

No debate promovido pela Folha/UOL na manhã de segunda-feira (30), o candidato do PRTB Pablo Marçal fez uma declaração machista e misógina, em uma resposta à candidata do PSB Tabata Amaral. “Tabata, se mulher votasse em mulher, você ia ganhar no primeiro turno. A mulher não vota em mulher, mulher é inteligente”, disse.

A fala mais agressiva em relação às mulheres do candidato surgiu justamente em um debate em que apresentadora e a bancada de jornalistas, formada exclusivamente por profissionais mulheres. Fabíola Cidral, do UOL, foi a mediadora e as jornalistas Raquel Landim e Thais Bilenky, do UOL, e Júlia Barbon e Ana Luiza Albuquerque, da Folha, foram escaladas para o segundo bloco, em que os candidatos deveriam responder perguntas das entrevistadoras.

A resposta a Tabata de Pablo Marçal representou uma mudança de tom no debate, que experimentou o formato de banco de tempo. Os candidatos começaram o debate cada um com 20 minutos de tempo, devendo usar no máximo 5 minutos por resposta. Os candidato poderiam pedir a palavra a qualquer momento para responder perguntas dirigidas a outros candidatos ou fazer réplicas.

O debate esquentou quando Tabata, a única candidata mulher convidada para o debate apenas na semana passada, por ter garantido o quarto lugar nas pesquisas de intenção de voto, interferiu numa discussão entre o candidato do MDB Ricardo Nunes e Pablo Marçal sobre religião, afirmando que Marçal estaria instrumentalizando a fé para vender uma imagem ao eleitor.

Formato do debate favoreceu confrontos

O embate entre Marçal e Nunes em torno da religião se deu a partir de uma troca de acusações sobre quem seria mais cristão. Respondendo a Marçal, que disse “todas as coisas cooperam para o bem daqueles que amam a Deus e são chamados segundo seu propósito”, Nunes acusou o ex-coach de mentir sobre apoios de pastores.

“Pablo Henrique, essa coisa de querer falar de religião é muito ruim. Sabe o que fica feio pra você? Você ir lá na Assembleia de Deus, falar com um grande líder, e depois ficar apostando que ele apoia você e não te apoia. Ficar mentindo, isso é ruim”, afirmou Nunes.

Tabata pediu a palavra para falar: “Sabe por que eu não fico esbravejando sobre a minha fé? Porque eu não preciso. (…) E eu realmente não acho que essa instrumentalização da fé, ela é boa nem pra nós cristãos, nem pro que tá acontecendo.”

O ataque de machista de Marçal desafia um dos principais problemas de sua campanha, que é a sua altíssima rejeição entre mulheres, que é superior a 50%, segundo o Datafolha. Antes do ataque, Marçal havia elogiado candidata do PSB como a mais “inteligente” e até convidado Tabata para ser sua secretária de Educação.

O candidato do PSOL, Guilherme Boulos, foi o único dos candidatos a se solidarizar com Tabata, classificando a fala como “a preconceituosa”. “É triste ouvir isso de quem quer governar a maior cidade do Brasil”, afirmou. O deputado disse que o candidato do PRTB tentou “forçar mais uma fake news”, que queria deixar para a reta final da campanha, mas “foi desmascarado ao vivo”. “Não vou ficar em bate-boca com um cidadão desse”, completou.

Boulos, pressionado por provocação de Marçal, que acusa o deputado federal de ser usuário de cocaína desde os primeiros debates e diz ter um dossiê sobre uma internação que comprova a acusação, disse que teve uma internação psiquiátrica por depressão na adolescência.

O candidato do PSOL centrou suas críticas ao prefeito Ricardo Nunes por suas mudança de posição em relação à vacina da Covid e pelas denúncias sobre a máfia das creches. “Comigo nunca teve e nunca vai ter benefício para ninguém”, disse Nunes, afirmando que Boulos iria ficar “igual ao Marçal, com título de mentiroso”.

Ao final do debate, Nunes que gastou muito tempo de seu banco de minutos nos primeiros blocos, se esquivou de responder os questionamentos de Boulos e Marçal sobre seu episódio de violência doméstica, de acordo com boletim de ocorrência registrado contra ele em 2011 pela esposa Regina Carnovale Nunes.

Boulos afirmou que Nunes precisaria se explicar sobre agressão à esposa. Marçal, no entanto, dedicou seus minutos restantes a fazer a mesma pergunta sobre o fato de a esposa de Nunes ter registrado o B.O. Nunes negou a agressão e mencionou a Marçal a agressão do assessor do ex-coach a seu marqueteiro Duda Lima: “O que tem de verdade é que o rapaz que agrediu o Duda Lima armou briga, rasgou a camisa para dizer que foi agredido.”

 

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