Mulheres não têm prazo de validade

 

Circulou nas redes um vídeo da atriz norte-americana Jane Fonda relembrando que se aposentou da carreira por 15 anos, voltou aos 65 e aos 80 fez um dos filmes de maior sucesso de toda a sua carreira.

Atrizes 50+ estão brilhando nos tapetes vermelhos que antecedem ao Oscar 2025 deste domingo. Especialistas perguntam: teria a premiação se curvado ao poder da mulher madura?

Fico pensando que talvez o Oscar tenha surfado uma onda — nunca se falou tanto sobre menopausa e envelhecimento feminino.

Por que as mulheres são as maiores vítimas da passagem do tempo? Por que a publicidade, em geral, exclui mulheres mais velhas em representações de beleza?

Demi Moore, protagonista do filme “A Substância”, ao receber o Globo de Ouro de Melhor Atriz em Comédia ou Musical, lembrou como foi desacreditada profissionalmente por um produtor e o quanto isso a perseguiu por anos.

“Essa é a primeira vez que eu ganho um prêmio. Há 30 anos, um produtor disse que eu era atriz de filmes ‘pipoca’. Aquilo significava que eu não tinha direito ao reconhecimento. Acreditei, aceitei. Cheguei a pensar que eu tinha feito tudo o que dava, até que apareceu esse roteiro mágico e corajoso de “A Substância”. Era o universo me dizendo: ‘não é o fim’”.

Fernanda Torres, Demi Moore ou Nicole Kidman: ganhamos todas com o resultado do Oscar (mas é claro que eu torço pela nossa Fernandinha). É impressionante o fato de que não ouvirmos o suficiente sobre a vida de mulheres mais velhas. E não queremos ouvir! Quando as mulheres envelhecem, tornam-se menos visíveis e ouvidas do que os homens que têm o envelhecimento associado à sabedoria.

Pois bem. Estamos ignorando a sabedoria de mais da metade da população.

Mulheres idosas são facilmente rejeitadas e inviabilizadas pela nossa cultura. É como se perdessem o direito de existir. Um prazo de validade é dado à mulher quando ela nasce. Nesse sentido, muitas de nós morremos duas vezes, não?