Por Brasil de Fato
O bilionário conservador Elon Musk, dono da rede social X, participou no sábado (25) de um evento de campanha do partido de extrema direita Alternativa para a Alemanha (AfD), que tem Alice Weidel como candidata ao cargo de primeira-ministra.
Com discurso hostil aos migrantes, esse partido ocupa o segundo lugar nas pesquisas para as eleições legislativas de 23 de fevereiro, com 20%, atrás dos conservadores do partido Democratas Cristãos (CDU), que têm cerca de 30% das intenções de voto.
Integrante do novo governo de Donald Trump nos EUA, Musk pediu aos extremistas da AfD que deixassem o excesso de “culpa pelo passado”, “pelos pecados de seu bisavós”, argumento utilizado pela extrema direita para retomar o ultranacionalismo em um país com histórico nazista. “É muito importante que as pessoas na Alemanha tenham orgulho de serem alemãs”, enfatizou o empresário em fala transmitida por um telão para uma plateia de 4.500 apoiadores de Waidel em Halle.
Enquanto Musk declarava seu apoio à AfD, dezenas de milhares de alemães se reuniram no sábado contra a extrema direita antes das eleições legislativas.
As maiores concentrações ocorreram em Berlim e Colônia, e a polícia revisou os números de comparecimento para 35 mil e 40 mil, respectivamente. Os organizadores em Berlim afirmaram que 100 mil pessoas participaram dos protestos na capital.
Os protestos anti-AfD ocorreram em cerca de 60 cidades, seguindo os apelos de uma variedade de organizações, atraindo mais pessoas do que a polícia esperava inicialmente.
As manifestações transcorreram de forma pacífica, com faixas dizendo “Fora nazistas” ou “AfD não é uma alternativa”, uma referência ao nome completo do partido de extrema direita “Alternativa para a Alemanha”.
O candidato Friedrich Merz, da CDU, que lidera as pesquisas também foi alvo de críticas. Muitos manifestantes temem que ele esteja tentado quebrar a política de seu partido de se recusar a fazer uma aliança com extrema-direita para formar governo.
O apoio de Musk ao partido de extrema direita na Alemanha, ocorre em um momento em que Musk é alvo de muitas críticas após realizar duas vezes um gesto, que remete à saudação “fascista” ou “nazista”, durante a posse de Donald Trump na noite de segunda-feira.
Assim como Trump, o AfD se opõe à imigração, nega a mudança climática, é contra a política de gênero e declarou guerra ao establishment político e à grande mídia que, segundo ele, limita a liberdade de expressão.

Gesto de Elon Musk para apoiadores de Trump durante o desfile inaugural dentro da Capitol One Arena, em Washington, DC (Foto: ANGELA WEISS / AFP)
A fábrica da Telsa em Berlim, capital da Alemanha também foi alvo de protestos contra Musk na quarta-feira (22). O gesto similar ao dos seguidores de Adolf Hitler foi projetado na fachada da empresa automotiva fundada pelo bilionário, pelas organizações alemã Zentrum für Politische Schönheit (Centro para a Beleza Política) e britânica Led By Donkeys (Liderados por Burros, em tradução livre).
Grupo reproduz gesto de Musk em Catanduva
Musk respondeu as acusações e afirmou no X que “ataques do tipo ‘todo mundo é Hitler’ estão desgastados”. O gesto tem encorajado manifestações com referência ao nazismo mundo afora. Em Catanduva, interior de São Paulo um grupo de 10 homens brancos, publicou um vídeo em que aparecem reproduzindo o gesto feito por Musk com referência ao nazismo.
Ao som de Amerika, música do grupo alemão de metal Rammstein, o grupo de catanduvenses repete o gesto, com o braço para frente e a mão espalmada, saudação usada durante o regime de Adolf Hitler.
O gesto de Musk aconteceu na segunda-feira (20)., após o empresário ressaltar que a posse de Trump “marcou um ponto de virada para a civilização humana” e expressar sua empolgação com os planos de pousar uma missão tripulada em Marte durante o segundo mandato do republicano .
Por duas vezes, Musk bateu com a mão direita no peito, com os dedos abertos, e estendeu o braço direito em uma diagonal para cima, com os dedos juntos e a palma da mão voltada para baixo. A primeiira vez voltado aos apoiadores de Trump e, na segunda, fez o gesto voltado para a bandeira dos EUA.
*Com AFP
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