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Jessé Souza

Escritor, pesquisador e professor universitário. Autor de mais de 30 livros dentre eles os bestsellers “A elite do Atraso”, “A classe média no espelho”, “A ralé brasileira” e “Como o racismo criou o Brasil”. Doutor em sociologia pela universidade Heidelberg, Alemanha, e pós doutor em filosofia e psicanálise pela New School for Social Research, Nova Iorque, EUA

Elon Musk, o menino rebelde da extrema-direita mundial

Estamos de frente ao completo arbítrio do dinheiro, do poder e das loucuras individuais
10/04/2024 | 10h02

O ataque de Elon Musk ao STF e a Alexandre de Moares é na verdade um ataque ao Brasil e sua soberania. Elon Musk expõe, melhor do que ninguém, o tipo de perigo que estamos enfrentando com bilionários de extrema-direita que se percebem dotados de poderes ilimitados. O objetivo final é controlar os Estados e as sociedades, para deixá-las indefesas, de modo a ganhar ainda mais poder e dinheiro.

Musk já havia protagonizado um dos seus piores absurdos ao dizer que, em nome do controle do Lítio na Bolívia, ele era iria apoiar golpes de Estado em qualquer lugar onde seus interesses fossem feridos. Em outras épocas isso era o suficiente para torná-lo um pária internacional. Mas os tempos mudaram. Passou a ser natural aceitar o domínio dos super ricos como corolário do ideário neoliberal hegemônico hoje em dia.

O caso atual desse ataque contra o Brasil se encaixa nesse contexto. Para Musk é inadmissível que países periféricos possam ter autonomia política e Estado de Direito. Uma teoria da violência explícita que rebaixa e humilha toda uma sociedade. Uma espécie de naturalização do imperialismo, agora exercido explicitamente por agentes privados e não mais apenas por Estados imperiais.

Contra isso é extremamente importante ter a adesão de toda a sociedade. É o que parece, felizmente, estar acontecendo. É uma oportunidade ímpar para se passar a PL das redes sociais e mostrar como o controle dessas empresas privadas americanas, a serviço do imperialismo e da extrema-direita mundial, é vital para a autonomia e para um mínimo de independência nacional. Tomara que isso seja possível.

De todos os bilionários da extrema-direita, Musk é o mais boçal. Tem uma cara e jeito de menino rebelde que desconhece qualquer tipo de limite. Tudo nele sugere uma perversão narcísica levada ao paroxismo, impedindo qualquer respeito à alteridade. Se acha o dono do mundo. Passa a ser cada vez mais urgente, para o propósito de se manter um resto de autonomia democrática, abrir e consolidar uma frente de luta contra figuras disruptivas como essa.

Essa situação inusitada mostra também um dado muito peculiar ao tempo que estamos vivendo dos bilionários reacionários mandando no mundo. Antes, o perigo era representado por Estados com pretensões imperialistas, o qual, no entanto, precisava legitimar sua intervenção, tanto internamente no próprio país, quanto na esfera internacional.

Indivíduos, no entanto, não têm que justificar suas ações em relação a ninguém. Estamos de frente ao completo arbítrio do dinheiro, do poder e das loucuras individuais. Se não nos defendermos agora, amanhã, com certeza, será muito tarde.

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