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‘Não vou me desculpar por pedir misericórdia’, diz a bispa que confrontou Trump

Mariann diz não ser da esquerda radical, como disse Trump, e avalia que fez um sermão bem suave
23/01/2025 | 08h48

Depois do sermão feito na segunda-feira (20), diretamente ao próprio Donald Trump, no primeiro dia de seu segundo mandato como presidente dos Estados Unidos, a bispa Mariann Edgar Budde passou a ser alvo de crítica dos republicanos. No culto, ela defendeu imigrantes e disse que “há crianças gays, lésbicas e transgêneros em famílias democratas, republicanas e independentes” que “temem por suas vidas”.

A fala não agradou Trump, que após a cerimônia disse que “não foi muito emocionante” e que não achou que a bispa tivesse feito “um bom serviço”. Nesta quarta-feira (22), porém, o presidente chamou Mariann Edgar Budde de “desagradável” e exigiu um pedido de desculpas.

“A suposta bispa que falou na terça-feira no National Prayer Service é uma esquerdista radical que odeia Trump. Ela teve um tom desagradável, foi pouco convincente e pouco inteligente”, escreveu o presidente em sua conta na Truth Social. “Além de seus comentários inadequados, o sermão foi muito chato e pouco inspirador. Ela não é muito boa em seu trabalho! Ela e sua igreja devem um pedido de desculpas ao público!”.

A religiosa respondeu em entrevistas concedidas a vários veículos de imprensa que não pretende se retratar.

“Não vou me desculpar por pedir misericórdia para os outros”, disse ela à revista Time.

Mariann e Trump chegaram a se cumprimentar após o culto. Depois, o presidente a criticou

Bispa avalia o sermão feito a Trump como “suave”

Quando perguntada se sofre ameaças e se acha que está correndo perigo, Mariann Edgar Budde citou os grupos sociais que são alvo das políticas reacionárias propostas por Trump.

“As pessoas reais que estão em perigo são aquelas que têm medo de serem deportadas. As pessoas reais que estão em perigo são os jovens que sentem que não podem ser eles mesmos e estar seguros e que são propensos a todos os tipos de ataques externos e respostas suicidas a eles”, respondeu. “Então, acho que devemos manter nossos olhos nas pessoas que são realmente vulneráveis ​​em nossa sociedade. Tenho muito apoio e muita segurança ao meu redor, então não, não estou me sentindo pessoalmente em risco. Embora as pessoas tenham dito que desejam que eu morra, e isso é um pouco de partir o coração”.

Ela diz não ser da esquerda radical, como disse Trump, e avalia que fez um sermão bem suave. “Certamente não foi um sermão de fogo e enxofre. Foi tão respeitoso e universal quanto eu poderia, com a exceção de fazer alguém a quem foi confiada uma influência e poder tão enormes para ter misericórdia daqueles que são mais vulneráveis”, declarou.

A bispa explica que quis indicar uma alternativa ao que chamou de “cultura do desprezo”, que cresce nos EUA.

“[Tentei] dizer que podemos trazer múltiplas perspectivas para um espaço comum e fazer isso com dignidade e respeito. E que precisamos disso, e a cultura do desprezo está ameaçando nos destruir. E estou sentindo um gostinho disso esta semana”.

Depois da enxurrada de críticas e ameaças dos apoiadores de Trump, a segurança da Catedral de Washington foi reforçada.

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