O debate sobre o dólar segue se apresentado para atores da oposição como um flanco para sair da posição reativa que, nas últimas semanas, contaminou o campo bolsonarista nas redes sociais. Se em um primeiro momento a marca histórica de R$6 foi o ponto central, no dia 01/12, uma suposta declaração de Serguei Lavrov foi utilizada por atores centrais do bolsonarismo para colocar Lula e Trump em “rota de colisão”. Para tal, o possível atrito entre BRICS e EUA, com o debate sobre uma alternativa ao dólar em destaque, são explorados de maneira coesa por atores ligados ao bolsonarismo e à fintwit. O engajamento com o tema gera interações, todavia, não apresenta qualquer caráter viral para além destes agrupamentos.
Já no dia 02/12, o tema foi explorado essencialmente por atores ligados à oposição e liderados pelo bolsonarismo: dos 20 perfis que mais geraram interações neste dia, apenas cinco não estão ligados a este cluster. Entre as linhas abordadas estão a desvalorização do Real e a responsabilidade do pacote fiscal do governo (30% das publicações), os impactos econômicos da alta do dólar (25%) e críticas geopolíticas à “desdolarização proposta pelos BRICs” (20%). No mais, há algumas críticas explícitas ao governo Lula (15%) e comparações entre as gestões Lula e Bolsonaro (10%). Ênfase no flanco que explora os impactos econômicos: é a partir dele que o bolsonarismo busca conectar-se com outros atores e superar a pecha de tratar-se de um debate que interessa apenas ao mercado, ressaltando os impactos negativos da alta do dólar no dia a dia da população. Questões como o aumento no custo de vida e inflação são exploradas.
Assim, em um cenário onde atores governistas propõe pautas positivas sobre o governo e atores de oposição promovem ataques, vale acompanhar a tentativa de emular uma catarse a partir de novos elementos que correlacionam insatisfação, agentes financeiros e o pacote fiscal – com ênfase nos últimos dias na pesquisa de “agentes do mercado”. Com um foco desproporcional a partir de atores de imprensa, influenciadores temáticos (fintwit) e bolsonaristas, o tema ganha uma sobrevida nas redes sociais, ainda que com nítidos indícios de arrefecimento.
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