O mundo todo está vidrado no que acontece no Líbano, em Israel, no Irã. É a possibilidade de uma guerra total que nos aterroriza a todos. Flutua no planeta a pergunta fatídica, adequada a uma guerra que envolve potências nucleares: chegou a hora do tal apocalipse?
A preocupação é tanta que todos esqueceram do primo pobre do conflito. Gaza foi varrida do mapa pelas tropas enviadas por Benjamin Netanyahu e continua a ser bombardeada diariamente.
A escalada que levou a essa destruição começou há um ano, depois que terroristas do Hamas invadiram Israel, mataram mil pessoas e sequestraram mais de 200 israelenses, tornando-os reféns.
Em resposta, Netanyahu deu início a uma carnificina desenfreada contra os palestinos. Perdeu todos os freios morais e ordenou que o gigantesco poder de fogo de suas tropas fosse usado contra civis, gente sem nenhuma relação com o terrorismo.
Atacou campos de refugiados, universidades, hospitais, escolas. Proibiu a entrada de alimentos, destruiu estação de tratamento de água.
Tudo sob a complacência e a cumplicidade das grandes nações do Ocidente e da imprensa internacional, que não trata Netanyahu como o carniceiro que realmente é. Nesse item, o jornalismo brasileiro tem papel de destaque: justifica todos os crimes do governo israelense, dando voz a lobistas que classificam qualquer mínima crítica como antissemitismo.
Acobertado por esse domo de ferro da impunidade, Israel matou 40 mil pessoas, entre elas 11 mil mulheres e 16 mil crianças. Muitos dos meninos e meninas que escaparam da morte se tornaram órfãos.
Para quem achava que esse estrago daria a dimensão da crueldade do primeiro-ministro israelense, uma pequena matéria publicada nesta quarta-feira (2) no site Middle East Eye e outros veículos prova que o sujeito não tem limites.
Diz a chamada: “Ataques israelenses em orfanato e escola em Gaza matam pelo menos 20 pessoas, incluindo crianças”.
Ou seja: não contente em matar 16 mil garotos e garotas palestinos e os pais deles, o governo de Israel vai atrás dos órfãos e os extermina.
Barbaridades como essa se repetem em Gaza a cada dia, a cada hora, a cada minuto.
O instinto genocida de Netanyahu já estava à solta nos últimos meses, sem que o mundo sequer discutisse o que acontece naquela faixa de terra. Agora, com a atenção do planeta concentrada na guerra que pode levar ao Juízo Final, o chefão de Israel pode matar civis palestinos à vontade.
Quem se importa?
A verdade é que para os palestinos de Gaza o apocalipse já chegou.
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