Voltou a circular na internet esta semana, um vídeo do fundador da Alfacon Concursos Públicos, Evandro Guedes. Nele, o ex-PM ensina aos alunos como violar sexualmente mulheres mortas, como estuprar corpos sem vida! A cena é nojenta e doentia. Ele narra um crime, em detalhes e com orgulho, como se aquilo fosse algo absolutamente aceitável, divertido e prazeroso. No domingo (3), na zona norte de São Paulo, um policial agrediu com socos e disparou tiros à queima-roupa em sua esposa no meio da rua. Ele executou a própria mulher.
O que esses dois casos têm em comum, além do desprezo pela mulher e pela vida humana é a violência, e ela dá sinais. Evandro Guedes, depois da repercussão nas redes, em um post “quem me conhece sabe”, marcou a esposa – uma clara tentativa de “limpar a barra” do “homem de família”. Conversando e refletindo com uma amiga, fizemos uma lista infinita de casos pessoais, e de outros que conhecemos de mulheres próximas, sobre como nós ignoramos ou não conseguimos enxergar os sinais de violência em nossas relações.
Todo abusador dá sinais. O cara é um namorado muito ciumento e possessivo, te compara repetidas vezes com outras mulheres com a intenção de diminuir. Ele xinga, chama de burra, louca, mente! Desvaloriza o trabalho, o cuidado com a casa e os filhos. Ignora o prazer feminino. Grita, não ouve, exige, demanda, cobra e jamais agradece.
A violência e o abuso acontecem também no ambiente de trabalho disfarçado de simpatia. Sabe aquele chefe “querido”, mas que rouba suas ideias, aceita crédito pelo trabalho que você realizou e que sempre tem um “mas” para “contribuir” no seu projeto? E os comentários inadequados sobre a sua idade, roupas, esmalte, maquiagem e humor? Ele corta, interrompe sua fala e quando você finalmente consegue a palavra, o chefe tá no celular.
Quem aqui já se viu em uma ou mais dessas situações? Eu dei check em todas, juro!
A minha geração cresceu com orgulho da frase “atrás de um grande homem sempre há uma grande mulher” (sic). O caso é que os tempos mudaram e a gente já não aceita mais esse papel. A mulher se reconhece protagonista da própria história, mas alguns homens ainda estão beeeem lá atrás, quase no período pré-histórico emocional e daí eles não aguentam e partem pra força física, pro jogo psicológico, pra destruição da alma, mas todos eles dão sinais.
Meninas, eu hoje só queria pedir para que vocês fiquem atentas aos sinais. Muitas vezes não é um soco, um tiro ou uma aula pública sobre como estuprar mulheres mortas, mas os sinais estão lá e a gente não pode fechar os olhos.
No primeiro sinal, saia!
Pergunte ao Chat ICL
Relacionados
Meio Clarice, meio surfista, meio Vivian
Saí do mar, me sentei na areia sozinha com as pernas tremendo ainda e uma ousadia enorme pulsando dentro de mim
Ser fiel a si mesma é um ato de coragem: obrigada, ministra!
Enquanto houver uma mulher silenciada, ainda há trabalho a ser feito
Marielle presente na Itália: na província de Rimini, brasileira tornou-se ícone antiviolência
A vereadora e militante de direitos humanos ganhou um centro antiviolência com o seu nome na região costeira do Mar Adriático