O governo da Noruega vai liberar recursos ao Brasil para reduzir o desmatamento no país após a confirmação da vitória de Luiz Inácio Lula da Silva. O ministro do Clima e Meio Ambiente, Espen Barth Eide, informou para a imprensa norueguesa, conforme noticiou o jornalista Jamil Chade em sua coluna do UOL, que pretende, com a equipe do Lula, preparar as formalidades e montar uma estrutura de gestão para liberar recursos que se encontram no Brasil, o Fundo Amazônia. Em função de desmatamento no governo Bolsonaro na Amazônia, a Noruega impediu o uso do dinheiro. O mundo sempre esteve de olho na floresta e no problema climático global causado pelo desmatamento da floresta, como o efeito estufa. De 2019 a 2022, as emissões de gases de efeito estufa (frente a 2018) geraram um prejuízo econômico para o mundo de R$ 1,18 trilhão, correspondente a US$ 229 bilhões.
Os dois países tinham estabelecido o maior fundo de cooperação internacional para a Amazônia durante o governo Lula, com mais de US$ 1 bilhão e administrado pelo BNDES e instituições em Oslo. Mas, em 2019, o governo de Jair Bolsonaro colocou novas exigências que acabaram levando a Noruega e a Alemanha a não liberar recursos do fundo.
Durante discurso no domingo, Lula fez questão de sinalizar a importância de cortar as taxas de desmatamento na Amazônia, inclusive com uma meta ambiciosa de desmatamento zero. Deixou claro que a questão ambiental está entre suas prioridades, inclusive, para liberar recursos, vindo e países parceiros. Disse que o Brasil está pronto para retomar o seu protagonismo na luta contra a crise climática, protegendo todos os nossos biomas, sobretudo a floresta Amazônica. “Fomos capazes de reduzir em 80% o desmatamento da Amazônia, diminuindo de forma considerável a emissão de gases que provocam o aquecimento global. Agora, vamos lutar pelo desmatamento zero da Amazônia. O Brasil e o planeta precisam de uma Amazônia viva”, afirmou.
Lula espera liberar recursos, vindos de parceiros globais, para a proteção da Amazônia
Se Lula apresentar políticas e planos robustos para enfrentar o desmatamento na Amazônia, a violência contra povos indígenas e a crise climática, como prometeu, inclusive no discurso de vitória, pode trazer o apoio de todos os países que pretender liberar recursos, e esperam do Brasil a liderança ambiental que ele perdeu ao longo do governo Bolsonaro, avalia um representante da Rainforest Foundation da Noruega.
De acordo com a Rainforest Foundation da Noruega, a cooperação internacional foi fundamental para a construção da política ambiental do Brasil desde os anos 90. E o dinheiro pode ter um papel ainda maior no início do novo governo Lula, já que ele terá o menor orçamento para meio ambiente em décadas e encontrará o Ibama, ICMBio, Funai e outros órgãos “completamente enfraquecidos e com baixíssima capacidade de agir e fazer frente ao crime organizado para quem o Bolsonaro entregou a Amazônia”
Se nos últimos quatro anos o governo de Jair Bolsonaro tomou a decisão de se negar a reconhecer o desafio climático e abrir deliberadamente o espaço para o desmatamento, o preço que o Brasil pagou foi alto. Fundos soberanos passaram a suspender investimentos no país. Deixaram de liberar recursos. Já nos fóruns internacionais e na opinião pública no exterior, o Brasil passou a ser visto como parte do problema climático do planeta. Uma espécie de “criminoso ambiental”.
Como resultado da ruptura de confiança no Brasil sobre a questão do desmatamento, o país hoje está sob a ameaça de ver suas exportações serem alvo de impostos extras na Europa.
Qualquer nova inserção internacional do Brasil, portanto, passará por uma revisão profunda dessa relação com o meio ambiente e assessores do novo governo sabem disso. Mas apenas adotar um novo discurso não será suficiente. O mundo vai cobrar do novo governo, a cada mês, resultados concretos para a redução do desmatamento.
O presidente eleito Lula está planejando um “tratamento de choque” internacional. De um lado, quer criar uma aliança com outros países emergentes para a defesa das florestas da Amazônia, com recursos dos países ricos e uma ampla cooperação internacional. Sua equipe também planeja sediar no Brasil uma conferência sobre o clima. Uma possibilidade poderia ser levar ao país a COP30 (Conferência da ONU sobre o Clima), em 2025.
Segundo fontes próximas ao presidente eleito, um caminho ainda pode passar por uma nova relação de integração regional. Ao contrário do modelo do final do século 20, o novo processo de aproximação ao restante dos vizinhos não irá se pautar apenas nas questões comerciais, mas também climáticas. O tema de meio ambiente pode ainda ser usado como o instrumento de uma nova liderança do Brasil entre os emergentes, incluindo africanos e asiáticos.
Para a ONU, o que vem sendo feito pelas grandes economias do mundo não é suficiente para se evitar uma catástrofe climática. Se há 20 anos foi a questão do acesso aos remédios e o comércio agrícola que catapultou o país ao protagonismo internacional, a avaliação é de que, hoje, esse veículo é o clima.
Redação ICL Economia
Com informações do UOL
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