Esclarecendo que o teor de seu pronunciamento tinha “o aval e o apoio de 100%” do presidente Jair Bolsonaro, o novo ministro de Minas e Energia, Adolfo Sachsida, afirmou, nesta quarta-feira (11), que, como sua primeira medida, pedirá estudos ao governo para avaliar alternativas para privatizar a Petrobras e a Pré-Sal Petróleo S.A. (PPSA) – estatal responsável por gerir os contratos da União no pré-sal.
A afirmação indica que Sachsida segue os mesmos interesses privatistas de Bolsonaro e Paulo Guedes. “Meu primeiro ato como ministro será solicitar ao ministro [da Economia] Paulo Guedes, presidente do Conselho do PPI [Programa de Parcerias de Investimentos], que leve ao conselho a inclusão da PPSA no PND [Programa Nacional de Desestatização] para avaliar as alternativas para sua desestatização”, disse.
Além de querer privatizar a Petrobras, ministro sinaliza continuidade da política de preços
Mesmo sem comentar a política de preços dos combustíveis praticada pela Petrobras, o novo ministro, ao falar sobre o desejo de privatizar a Petrobras, de forma geral, sinaliza a continuidade do PPI (Preço de Paridade de Importação). Na prática, a política contribui para garantir lucros enormes aos acionistas da estatal, enquanto a maior parte dos brasileiros sofre com a explosão nos preços dos combustíveis.
O economista Eduardo Moreira, sócio-fundador do ICL, explica que “com a privatização, o Estado perde um dos instrumentos mais importantes do Brasil de estímulo à economia, um meio de controle em momentos difíceis como o atual, de aumento do preço internacional do combustível”.
Ao analisar as empresas do mundo inteiro, Moreira explica que aquelas privatizadas, com todas as promessas de melhoria, não conseguiram entregar o que prometeram. Essas empresas aumentaram os preços dos produtos e diminuíram a qualidade de serviço. Esse é o caso de empresas de coleta de lixo, de água, de energia, de diversos setores. Agora, estão voltando para controle do Governo. Há exemplos na Alemanha, França e até nos Estados Unidos.
Ainda segundo o economista, “quando analisamos os índices de produtividade da Petrobras, todos estão na média ou melhores do que as outras companhias no setor de óleo e gás no mundo. Então, dificilmente, a Petrobras vai ganhar mais em produtividade. O que deve acontecer? É uma questão de matemática. Para a empresa lucrar mais, a pessoa que trabalha na Petrobras vai ganhar menos. A pessoa que compra na Petrobras vai pagar mais. A qualidade dos serviços prestados pela Petrobras vai piorar também”.
Ao contrário do que diz, Bolsonaro poderia agir nos preços dos combustíveis
O presidente da República pode, de maneira indireta, interferir nos preços praticados pela companhia. Isso porque a Petrobras é uma companhia de capital misto, e a União é a maior acionista individual da empresa, com mais de 50% das ações com direito a voto, e cerca de 29% do total de ações, segundo dados da B3. Assim, a União tem direito de eleger mais profissionais para formar o Conselho de Administração da empresa. É o conselho que indica o CEO e diretores para, de fato, administrarem a companhia e definirem sua política de atuação, inclusive a de preços.
No atual conselho da Petrobras, a União indicou seis dos onze integrantes, que confirmou José Mauro Ferreira Coelho, escolhido pelo governo Bolsonaro para ser o CEO. Desta forma, com maioria no Conselho, o presidente Bolsonaro poderia, sim, influenciar na política de preços dos combustíveis.
Ex-presidente Lula fala em rever operação caso Petrobras seja privatizada
O ex-presidente Lula (PT) sinalizou que tentará rever uma eventual venda da Petrobras à iniciativa privada caso seja eleito. O petista discursou em Juiz de Fora (MG), nesta 4ª feira (11), e criticou as privatizações do governo Bolsonaro.
“Quem se meter a comprar a Petrobras vai ter que conversar conosco depois da eleição”, declarou Lula.
Redação ICL Economia
Com informações das agências
Deixe um comentário