Após as denúncias da Procuradoria Geral da República terem sido divulgado na terça-feira (18), as defesas de alguns dos principais acusados emitiram notas em que tentam desqualificar a PGR, as acusações como “perseguição” ou as provas apresentadas como fruto de “julgamento político”.
A defesa de Jair Bolsonaro insiste na tese da “suposta” participação do ex-presidente na conspiração golpista. De acordo com a nota, as investigações nas quais foram baseadas as denúncias como “inepta”. “Jair Bolsonaro confia na Justiça e, portanto, acredita que essa denúncia não prevalecerá por sua precariedade, incoerência e ausência de fatos verídicos que a sustentem perante o Judiciário”, diz a nota.
Defesa de Bolsonaro: ‘inepta e incoerente’
Sem citar diretamente a delação do ex-ajudante de ordens Mauro Cid, a nota dos advogados de Bolsonaro afirma: “A inepta denúncia chega ao cúmulo de lhe atribuir participação em planos contraditórios entre si e baseada numa única delação premiada, diversas vezes alteradas (…).” Para os advogados, o fato de Cid ter mudado as versão construiria uma “narrativa fantasiosa”.
A defesa do general Braga Netto também se manifestou em nota assinada pelos advogados José Luis Oliveira Lima e Rodrigo Dall’Acqua, também afirmando que a denúncia seria fantasiosa. “A fantasiosa denúncia apresentada contra o general Braga Netto não apaga a sua história ilibada de mais de 40 anos de serviços ao Exército brasileiro.”
Braga Netto: ‘fantasiosa denúncia’
“O general Braga Betto está preso há mais de 60 dias e ainda não teve amplo acesso aos autos, encontra-se preso em razão de uma delação premiada que não lhe foi permitido conhecer e contraditar. (…) Também é surpreendente que a denúncia seja feita sem que o relatório complementar da investigação fosse apresentado pela Polícia Federal. (…) A defesa confia na Corte, que o STF irá colocar essa malfadada investigação nos trilhos.

O general Braga Netto foi preso pela Polícia Federal no Rio de Janeiro em 14 de dezembro de 2024 (Foto: Pedro Kirilos/Estadão)
‘Foco político’
O advogado Luiz Eduardo de Almeida Santos Kuntz, responsável pela defesa de Marcelo Câmara, diz que denúncia não é sentença condenatória, e que as 300 páginas do relatório se baseiam em uma investigação “confusa e e com foco político”.
“Destaque-se que as quase 300 páginas lastreadas em uma investigação confusa e com foco político não abalam e nos fazem seguir seguros de que todos os fatos serão esclarecidos para que, ao final, a verdade seja restabelecida e a absolvição prevaleça no Plenário do Supremo Tribunal Federal.”
Em comentário breve, o advogado Demóstenes Torres de Almir Garnier Santos apenas declarou: “Creio que agora teremos acesso à delação do Cid. Em seguida exerceremos o contraditório”, disse.
Paulo Figueiredo: acusação ‘reflete ditadura’
Em denúncia separada das demais, Paulo Figueiredo, neto do último presidente da República da Ditadura Militar, o general João Baptista Figueiredo,a PGR acusou o influencer da extrema direita de “forjar cenário de coesão”. Figueiredo, em live, antecipou detalhes de carta golpista que atacava os generais que rejeitavam o golpe.
A PGR o acusa de crimes de tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito, golpe de Estado, dano qualificado pela violência e grave ameaça, contra o patrimônio da União, e deterioração de patrimônio tombado.
Em seu perfil no X, Figueiredo disse “estar honrado em estar ao lado de patriotas neste momento histórico que reflete a ditadura que vivemos. (…) vamos vencer e todos os agentes públicos que se utilizam das suas posições para perseguir opositores políticos serão responsabilizados.”
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