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ONU revela que Israel atacou comboio humanitário após autorização do Exército

Segundo documentos, caminhão foi atacado em 5 de fevereiro. Última entrega de alimentos ocorreu em 23 de janeiro
21/02/2024 | 15h19

Um comboio da Organização das Nações Unidas que transportava suprimentos alimentares no centro da Faixa de Gaza foi atacado por forças israelenses mesmo após ter sido autorizado pelo Exército de Israel. É o que apontam documentos da ONU obtidos pela CNN. O ataque ocorreu no dia 5 de fevereiro. A informação é do jornal O Globo.

De acordo com relatório interno produzido pela UNRWA — agência de ajuda humanitária da ONU na Faixa de Gaza —, o caminhão estava estacionado em um ponto de retenção das Forças Armadas de Israel quando foi alvo de disparos. Na ocasião, não houve feridos, mas grande parte dos suprimentos foram destruídos.

DISPAROS

A UNRWA informou que o comboio seguia pela estrada al-Rashid, a principal rota permitida pelo Exército israelense para ajuda humanitária desde janeiro. Às 4h15, os veículos chegaram a um ponto de retenção das Forças Armadas, onde ficaram parados por mais de uma hora. Às 5h35, foram ouvidos tiros e ficou constatado que o caminhão foi atingido pelos disparos.

A UNRWA afirmou ainda que, antes de partir, a saída do comboio foi comunicada ao Exército, como de praxe — as coordenadas e a rota são sempre compartilhadas com o governo de Israel. O objetivo é garantir que a ajuda humanitária não seja alvo de ataques das forças israelenses.

LUGAR PERIGOSO

À CNN, a diretora global de comunicações da agência, Juliette Touma, criticou a situação na Faixa de Gaza, que vive dias de insegurança para o trabalho de ajuda humanitária.

“Gaza se tornou muito rapidamente um dos lugares mais perigosos para se trabalhar com ajuda humanitária. É um ambiente extremamente complexo para operar. Muitas vezes, nossas equipes são obrigadas a entregar assistência sob fogo”, disse Juliette.

DESASSISTÊNCIA

Após o ataque, a UNRWA decidiu parar de enviar comboios para o norte da Faixa de Gaza, região que abriga mais de dois milhões de pessoas. Segundo o relatório, a última vez que a agência humanitária conseguiu fazer a entrega de alimentos no território palestino foi em 23 de janeiro.

Segundo a agência, metade das missões de ajuda da UNRWA para o norte de Gaza foram negadas desde o início deste ano e outras rotas passaram a ser intransitáveis devido a detritos e crateras.

Nesse cenário, o Programa Mundial de Alimentos anunciou que irá interromper as missões para o norte do território palestino “até que condições estejam em vigor para permitir distribuições seguras”. A decisão foi tomada porque outro comboio também teria sido recebido a tiros.

O Departamento de Estado dos Estados Unidos, em comunicado à CNN, classificou como “inaceitável” o ataque de 5 de fevereiro e acrescentou que a assistência humanitária precisa chegar aos civis de Gaza.

“Em todas as conversas que estamos tendo com o governo de Israel, enfatizamos a necessidade absoluta de os trabalhadores humanitários poderem distribuir assistência com segurança e de os civis poderem acessar assistência, e de Israel tomar todas as precauções viáveis para proteger civis”, informou.

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