Por Francisco Lima Neto
(Folhapress) — A Polícia Civil do Rio de Janeiro faz operação na manhã desta terça-feira (15) contra uma das maiores organizações criminosas do país voltadas para a prática de crimes cibernéticos contra crianças e adolescentes. Agentes da DCAV (Delegacia da Criança e dos Adolescentes Vítimas) fazem diligências em São Paulo, Santa Catarina, Paraná, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Goiás e Rio Grande do Sul.
Até o momento, dois homens foram presos e dois adolescentes, apreendidos, segundo a Polícia Civil.
Operação Adolescência Segura
A operação, batizada de Adolescência Segura, cumpre mandados de prisão temporária e de busca e apreensão, além de internação provisória de adolescentes infratores e contato com apoio de policiais civis de sete estados e do CyberLab da Secretaria Nacional de Segurança.
A ação é resultado de uma investigação que mira uma rede criminosa “altamente estruturada”, de acordo com a investigação. Entre os crimes apurados estão tentativa de homicídio, indução e instigação ao suicídio, armazenamento e divulgação de pornografia infantil, maus-tratos a animais, apologia ao nazismo e crimes de ódio em geral.

Até o momento, dois homens foram presos e dois adolescentes, apreendidos, segundo a Polícia Civil. (Foto: Tânia Rêgo/ Agência Brasil)
As investigações foram obtidas em 18 de fevereiro deste ano, quando um homem em situação de rua foi atacado por um adolescente com dois coquetéis molotov quando dormia. Ele teve 70% do corpo queimado. Um homem filmava o crime e transmitia em tempo real em uma plataforma online.
Policiais da DCAV descobriram que o ataque não foi um fato isolado. “Os administradores do servidor utilizado no crime compunham uma verdadeira organização criminosa altamente especializada em diversos crimes cibernéticos tendo como principais alvos, crianças e adolescentes”, afirmou a Polícia Civil.
A atuação do grupo também chamou a atenção de duas agências independentes dos Estados Unidos que emitiram relatórios sobre os fatos, contribuindo com o trabalho dos policiais civis envolvidos no caso.
A investigação aponta que os criminosos atuavam em diferentes plataformas digitais, utilizando mecanismos de manipulação psicológica e aliciamento de vítimas na idade escolar, em um cenário de extremo risco à integridade física e mental de crianças e adolescentes.
“A operação Adolescência Segura representa um marco significativo no combate à criminalidade digital no Brasil e reafirma o compromisso da Polícia Civil com a proteção dos direitos fundamentais da infância e da juventude, conforme prevê o ECA (Estatuto da Criança e do Adolescente)”, afirmou a Polícia Civil.
As investigações seguem para identificar os demais membros da organização criminosa.
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