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Por Marianna Holanda
(Folhapress) — O ministro Alexandre Padilha (Relações Institucionais) diz que não há truque ou bala de prata para resolver os problemas que levaram à queda na aprovação de Lula (PT) nas pesquisas. Segundo ele, o próprio presidente já cobrava da sua equipe soluções para temas como a inflação no preço dos alimentos.
“Quem pensa em truques, quem pensa em bala de prata sobre isso, em geral colhe um resultado negativo. Não é a primeira vez que a gente governa o país”, disse na terça-feira (28) à reportagem. Pesquisa Quaest mostrou que a avaliação negativa do governo superou a positiva pela primeira vez no atual mandato.
Padilha, ministro da Secretaria de Relações Institucionais, é médico infectologista e professor universitário. Ocupou o mesmo cargo de ministro no segundo governo de Lula (2007–2010).
Em 2011, assumiu o Ministério da Saúde na gestão Dilma Rousseff e implementou o programa Mais Médicos. Chefiou a Secretaria Municipal de Saúde da capital paulista de 2015 a 2016, na administração Fernando Haddad. Em 2018, foi eleito deputado federal pelo PT em São Paulo e reeleito em 2022.
Padilha afirma esperar a continuação de uma “parceria” com o Congresso Nacional, após a eleição dos novos presidentes da Câmara e do Senado, e apresentou a reforma do Imposto de Renda como uma das prioridades do ano.
Leia entrevista com Padilha
Pergunta: Quais as prioridades do governo no Congresso em 2025 e quando a reforma do Imposto de Renda será encaminhada?
Alexandre Padilha: A agenda completa vamos apresentar na segunda semana de fevereiro. Mas ela tem alguns eixos que considero prioritários: uma agenda econômica para um Brasil justo; estímulo ao empreendedorismo e investimento no nosso país; reforça a educação no centro do projeto de desenvolvimento; agenda ambiental; um eixo que dialoga, por exemplo, com os entes federativos, como é a PEC da Segurança; e um eixo de enfrentar crimes no ambiente digital.
A reforma do Imposto de Renda é um dos grandes debates que vamos ter ao longo do ano. O texto ainda é do Ministério da Fazenda, que está fechando tecnicamente. O prazo é para ser aprovado neste ano, para que possa valer no ano que vem.
A pesquisa Quaest apresentou uma queda na aprovação do governo, sobretudo nas bases do presidente. Como pretendem reverter esse cenário?
A pesquisa traz um tema que o próprio presidente já vinha apontando para o governo. Vai acompanhar muito de perto, como o tema do impacto da inflação dos alimentos na vida das pessoas. Se tem alguém que é mais severo do que qualquer pesquisa a seu governo é o próprio presidente. E essa postura dele me dá a garantia e confiança de que o governo vai enfrentar esses temas que foram apontados [pelas pesquisas].
Mas como? Inflação, por exemplo?
Com as medidas. Não tem truque. Quem pensa em truques sobre isso, quem pensa em bala de prata, em geral colhe um resultado negativo. Não é a primeira vez que a gente governa o país. Não é a primeira vez que a gente vê situações de crescimento, por exemplo, do preço de determinados alimentos.
Então a gente tem experiência suficiente para manter a economia no rumo certo, reafirmando as medidas que criam um ambiente econômico positivo. Além disso, o governo faz um conjunto de medidas desde o primeiro dia de governo, de estímulo à produção, recuperação de estoques reguladores, que contribuem para que possa ter um aumento na segurança alimentar e reduzir qualquer impacto sobre isso.
E o fundamental, na liderança do ministro [Fernando] Haddad, é ir conduzindo o ambiente econômico para a equalização da situação do câmbio, para, com serenidade, dissipar qualquer oscilação que teve no final do ano e que impacta, sem dúvida alguma, nos alimentos hoje.

Alexandre Padilha e o presidente; ministro é próximo a Lula (Foto: Reprodução)
Alguns partidos da base não entregaram todos os votos para o governo, mas seguem com ministérios. Por quê?
Há uma fragmentação desses partidos. [Mas] O voto deles foi decisivo para as agendas prioritárias do governo. Nós não teríamos aprovado a reforma tributária, o marco fiscal e o aumento do salário mínimo sem a colaboração importante desses ministros, desses partidos. E quero reafirmar que eles estão em primeiro lugar na fila da defesa do presidente Lula. E da defesa, inclusive, da reeleição.
Qual a visão do sr. sobre a eventual entrada do presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), no governo?
A gente está terminando essa Legislatura, com toda a parceria que foi feita, reconhecendo as diferenças, todo o esforço de negociação para aprovar todas as medidas que aprovamos. E tanto o Lira quanto o presidente [do Senado] Rodrigo Pacheco (PSD-MG) serem cotados para vir para o governo é um sintoma de retomada das relações funcionais. Os dois têm credenciais políticas para assumir outros papéis da República, inclusive no governo.
O nome do sr. também é citado nas conversas sobre reforma ministerial, às vezes na Saúde e às vezes na Defesa.
Sei que [a SRI] é uma missão difícil, muita gente acha que é a mais espinhosa do governo. Estou feliz em ter contribuído para a gente, nesses dois anos, ser o governo que teve a maior taxa de aprovação na história de iniciativas próprias do governo desde a redemocratização. Vou continuar contribuindo com o presidente Lula, onde ele achar que tenho que contribuir. Essa coisa não tem interesse próprio. Não cabe ao jogador dizer sim ou não ao técnico.
Câmara e Senado escolhem no sábado (1º) seus novos presidentes. O que esperar dos novos comandantes? O governo espera uma largada mais fácil na relação com os escolhidos, após problemas iniciais com Lira?
Quero lembrar que votei no Lira e o líder do governo [no Senado] votou no Pacheco. Portanto, eles também foram eleitos com votos de parlamentares e de ministros do governo. Acho que vamos ter um bom ambiente das relações institucionais. Não tem a ver individualmente com quem está na presidência da Câmara ou do Senado.
Estar com Lula ou seu candidato em 2026 é condição para aumentar espaço para partidos de centro?
A gente tem a expectativa de que qualquer ministro — seja aqueles que estão hoje no governo ou aqueles que eventualmente venham ao longo desses dois anos — tenha um papel de defesa do governo, do presidente Lula e que isso contribua para que os partidos dos quais ele faça parte também sejam defensores do governo.
O presidente Lula é indispensável para conseguir derrotar o bolsonarismo?
Tenho certeza absoluta que o presidente Lula vai chegar em 2026 com saúde e apetite para defender da melhor forma esse governo, e a melhor forma de defender o governo é ser candidato à reeleição. Ele é o melhor para fazer isso.
Há preocupação com saúde dele?
Esse é um debate que nem existe entre nós. Tem mais gente da oposição falando sobre isso do que no governo. Ouço tentativas de aposentar o presidente desde 1982, certo? E ele sempre superou todas as tentativas e especulações dele e vai superar de novo essa.
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