O mecânico Antônio Donizete do Amaral, pai do entregador Marcelo, de 25 anos, que foi arremessado de uma ponte por um policial militar na segunda-feira (2), quer uma “explicação” da Polícia Militar. Antônio Donizete, falou à TV Globo sobre a violência sofrida pelo filho na terça-feira (3).
O caso aconteceu durante uma abordagem da Polícia Militar a um motociclista na Cidade Ademar, Zona Sul de São Paulo e foi registrado em vídeo. Um policial encosta uma moto na mureta da ponte e outro chega segurando um homem com camiseta azul. O PM, depois identificado como Luan Felipe Alves Pereira, levanta o rapaz pelas pernas e o joga no córrego.
“É inadmissível, não existe isso aí. Eu acho que a polícia está aí para fazer a defesa da população e não fazer o que fez.” O mecânico descreveu o filho à reportagem: “Trabalhador. Menino que sempre correu atrás do que é dele. Não tem envolvimento, não tem passagem, não tem nada”, disse o pai de Marcelo.
“Eu gostaria de uma explicação desse policial aí e o porquê ele fez isso”, diz Antônio, pai de Marcelo.
A ponte fica em cima de um córrego e Marcelo caiu de uma altura de três metros dentro do córrego. Ele se levantou sozinho, ferido na cabeça, e foi socorrido por pessoas em situação de rua, que moram debaixo da ponte. Testemunhas afirmam que ele saindo do córrego ensanguentado e desnorteado.

Momento em que o policial levanta e joga Marcelo da ponte em Cidade Ademar (Foto: Reprodução)
13 PMs envolvidos foram afastados
A Secretaria de Segurança Pública afastou os 13 PMs envolvidos na ação, que estariam dispersando um baile funk nas proximidades da ponte de onde Marcelo foi jogado.
O procurador-geral de Justiça do Estado de São Paulo, Paulo Sérgio de Oliveira e Costa, publicou uma nota na terça-feira (3), em que classifica como “estarrecedoras” e “absolutamente inadmissíveis” as imagens que flagraram a conduta da PM.
De acordo com a nota, este seria mais um dos “episódios recorrentes de descumprimento dos comandos legais por parte de alguns agentes públicos”. Segundo o procurador-geral, essas ocorrências “nos deixam mais longe da tão almejada paz social”.
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