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Pedro Barciela

Autor no blog Essa Tal Rede Social, estuda e atua na área de monitoramento e análise de redes sociais com foco em política e campanhas eleitorais.

O ‘paradoxo bolsonarista’ envolvendo declaração de Maduro

A tentativa de colocar Maduro como "lulista" ao mesmo tempo em que endossam ataque "bolsonarista" do líder venezuelano
27/07/2024 | 09h10

O debate sobre as eleições na Venezuela, que ocorrem no próximo domingo (28), é fomentado em duas frentes. Ele tem um caráter de “causa e reação” e é alicerçado em um único tema neste momento: as críticas do presidente venezuelano às urnas brasileiras. Por parte de setores da imprensa, acusações de Maduro acarretam comparações com o “bolsonarismo”.

Por parte do próprio bolsonarismo, a comparação é interpretada como esdrúxula e é extremamente criticada. Ironicamente, o cluster bolsonarista realizou ação pautada pela expressão “ATÉ MADURO” para, de maneira indireta, exaltar as críticas do mandatário venezuelano contra o sistema eleitoral brasileiro. No Google-BR, o termo MADURO BOLSONARISTA foi o 1º em aumento repentino junto ao nome do ex-presidente no dia 24/07. De modo geral, não há qualquer indício de engajamento significativo de atores antibolsonaristas ou não-polarizados com o tema, explorado essencialmente pela oposição e pela imprensa.

No dia seguinte (25), um debate focado na possibilidade de fraude e manipulação eleitoral na ausência do TSE como observador das eleições venezuelanas (30% das ocorrências citando Venezuela) ficou em evidência. As discussões geradas a partir das acusações de Maduro contra o sistema eleitoral brasileiro correspondem a outros 25% das ocorrências, pautadas principalmente pela tentativa bolsonarista de se desvincular da pecha de “madurismo” (ataques contra urnas e o sistema eleitoral brasileiro) e tentativa de colar as acusações contra Lula e seu governo. Esse movimento é limitado pelo próprio impulso de atores bolsonaristas (ex.: Alexandre Garcia) que exploram — e de certa maneira corroboram — as falas do líder venezuelano sobre o Brasil.

No mais, análises sobre o impacto econômico no país vizinho (15%) e denúncias de autoritarismo do governo chavista (20%) também foram destaques. Em menor volume estão discussões sobre articulações internacionais e apoios políticos do governo Maduro (10%). Trata-se, até aqui, de um debate extremamente restrito ao campo de oposição nas redes sociais.

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