ICL Notícias

Por Vinicius Konchinski – Brasil de Fato

O governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) deve deparar-se, a partir de 15 de abril, com uma greve geral de professores e técnicos que tende a paralisar todo o sistema federal de ensino. Trabalhadores de diferentes categorias que atuam nessas instituições têm aliado suas mobilizações e devem paralisar o funcionamento de todas simultaneamente.

Essa rede inclui universidades federais, institutos federais de educação – que oferecem ensino médio, técnico e até superior – e colégios federais, como o Pedro II, do Rio.

Trabalhadores na ativa e aposentados dessas instituições somam cerca de 400 mil pessoas. Correspondem, portanto, a cerca de um terço de todo efetivo de servidores federais, considerando os ativos e os aposentados.

Os servidores estão mobilizados por, basicamente, quatro pautas em comum: a reposição de perdas salariais acumuladas durante os governos dos presidentes Michel Temer (MDB) e Jair Bolsonaro (PL), reestruturação dos planos de carreiras, mais investimentos nas instituições e a realização de um concurso para contratação de mais trabalhadores.

Apesar disso, dividem-se em três movimentos grevistas diferentes.

O primeiro deles é dos servidores técnicos administrativos (TAEs), que já estão em greve desde o último dia 11. O movimento afeta pelo menos 30 universidades do país, segundo a Federação de Sindicatos de Trabalhadores Técnico-Administrativos em Educação das Instituições de Ensino Superior Públicas do Brasil (Fasubra).

O segundo é dos professores e técnicos de colégios e institutos federais. Eles são representados pelo Sindicato Nacional dos Servidores Federais da Educação Básica, Profissional e Tecnológica (Sinasefe) e decidiram em plenária deflagrar greve a partir da próxima quarta-feira (3).

Por último, há os professores das universidades federais, representados pelo Sindicato Nacional dos Docentes das Instituições de Ensino Superior (Andes-SN). A categoria está realizando uma série de assembleias, mas já indicou que fará uma greve a partir do dia 15.

Ministro da Educação, Camilo Santana vai enfrentar greve de professorese técnicos

Ministro da Educação, Camilo Santana vai enfrentar greve de professorese técnicos

Negociação difícil para os professores

Elenira Vilela, professora e coordenadora geral nacional do Sinasefe, explicou ao Brasil de Fato que cada sindicato tem autonomia e uma atuação independente. É fato, contudo, que todos atuam em prol de pautas em comum. Por isso, eles trocam informações e não por acaso estão mobilizados quase que simultaneamente.

“A gente articulou uma pauta conjunta”, disse ela. “Se o governo não avançar na negociação, a partir do 15, teremos todo o sistema parado.”

Vilela disse que reconhece que o governo de Lula não é responsável pelos anos sem reajuste para os servidores da educação federal e pelos cortes de verbas ao sistema. Para ela, no entanto, cabe a ele lidar com esses problemas – o que não tem sido feito.

“É um governo de frente ampla. Estamos negociando com ele. E tem sido bem difícil”, afirmou. “Há coisa que a gente entende que já poderia ter sido resolvida, e não foi.”

Ela explicou que profissionais da educação federal acumulam perdas salariais de cerca de 20%. Receberam um reajuste de 9% em 2023, como todos os servidores federais, mas isso ainda não repôs a inflação acumulada em anos sem aumentos.

De acordo com Vilela, hoje, o piso salarial de um técnico da rede federal de ensino é de R$ 1.446,12, pouco acima do salário mínimo de R$ 1.412. Os trabalhadores mobilizados querem que o valor suba para R$ 3.960 e que isso seja considerado para a realização de concursos para contratação de mais servidores.

Vilela também disse que o orçamento da rede federal de educação segue praticamente o mesmo desde 2015. A falta de verba dificulta a manutenção dos campi e assistência estudantil.

Procurado pelo Brasil de Fato, o Ministério da Educação não se pronunciou sobre as greves.

Já o Ministério da Gestão e da Inovação em Serviços Públicos informou que, em 2023, além dos 9% de reajuste salarial, concedeu aumento de 43,6% no auxílio alimentação dos servidores. Esse foi o primeiro acordo para reajustes fechado entre o governo e servidores em oito anos.

O órgão acrescentou que, especificamente para a carreira de técnicos-administrativos educacionais, os Ministérios da Gestão e o da Educação criaram um Grupo de Trabalho (GT) para tratar da reestruturação do plano de carreiras. O relatório final do GT foi entregue na quarta-feira (27) à ministra Esther Dweck e servirá como insumo para a proposta do governo para o assunto, que será apresentada na mesa de negociação que o Poder Público mantém com os servidores.

LEIA TAMBÉM:

STF decide se intervalo das aulas integra jornada de trabalho dos professores

Deixe um comentário

Mais Lidas

Assine nossa newsletter
Receba nossos informativos diretamente em seu e-mail