Por Francisco Lima Neto
(Folhapress) — A mãe de um menino de 11 anos diz que a vida da família virou um inferno desde que ele apareceu, em setembro, em um vídeo de campanha e nas redes sociais de Pablo Marçal (PRTB), candidato derrotado a prefeito de São Paulo.
Marçal esteve no Morro Doce, na região de Anhanguera (zona norte), e pediu para o garoto escrever o nome do bairro no gesso que o candidato usava no braço depois de ser atingido por uma cadeira lançada por José Luiz Datena (PSDB) em um debate. O garoto teve dificuldade para escrever e, com o alcance do vídeo, passou a ser chamado de analfabeto e burro na escola e no bairro onde vive.
O caso foi revelado pelo portal Metrópoles. Na terça-feira (8), de acordo com a mãe, uma motorista de aplicativo de 34 anos, após mais um episódio de bullying praticado por um aluno do 9º ano — o filho está no 7º –, ele foi se defender e acabou sendo agredido com socos no rosto.
Ela diz que quer que as pessoas parem de xingar o menino, que segundo ela foi diagnosticado com TDAH (Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade) e aguarda exame neurológico para possível diagnóstico de autismo.
Ainda de acordo com a mãe, desde que o vídeo foi ao ar, o menino está com muita vergonha e se recusa a ir para a escola. A agressão ocorreu no segundo dia que ele aceitou voltar para o colégio.
A situação tem afetado até o irmão de 16 anos, que estuda na mesma sala do agressor. A mãe conta que o filho adolescente é bom aluno e dava aulas de xadrez para as crianças à tarde. Mas tenta defender o irmão das agressões e xingamentos, e a situação tem atrapalhado seu rendimento. Ela reclama de que tem perdido dias de trabalho porque precisa cuidar do menino que não quer ir para escola.
Equipe de Marçal prometeu apoio e sumiu
A equipe de Marçal chegou a procurá-la, afirma, dizendo que daria suporte ao menino. Mas não apareceu mais.O ex-candidato foi procurado via assessoria de imprensa nesta quarta (9) e quinta-feira (10). A assessoria afirmou que encaminhou a solicitação e posicionaria, mas não respondeu até a publicação deste texto.
A Prefeitura de São Paulo, por meio da Secretaria Municipal de Educação, afirmou que repudia qualquer ato de violência dentro ou fora do ambiente escolar.
“Os dois estudantes foram acolhidos e os responsáveis, convocados. O Núcleo de Apoio e Acompanhamento para a Aprendizagem, composto por psicólogos e psicopedagogos, acompanha o caso. A unidade educacional irá reforçar o incentivo à cultura de paz com atividades diárias e rodas de conversa com apoio das Mães Guardiãs e da Comissão de Mediação de Conflitos”, afirmou.
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