Um defensor ferrenho da ideia de que a Bíblia permite escravizar outros seres humanos virá ao Brasil para o congresso mais relevante do campo evangélico calvinista, chamado Consciência Cristã. É o que revelou nesta terça-feira (16) o site The Intercept Brasil, que afirma que o pastor americano Douglas Wilson deve ser um dos participantes do evento no próximo mês, em Campina Grande, na Paraíba.
De acordo com o The Intercept, Douglas Wilson é líder da Igreja de Cristo, e em dois livros escritos por ele o religioso diz querer “tirar o estigma” do sistema escravista associado ao sul dos Estados Unidos. O congresso na Paraíba é organizado pela Visão Nacional para a Consciência Cristã, uma entidade conservadora que tem à frente dela várias igrejas evangélicas.
Para o autor do texto no Intercept, o teólogo Ronilso Pacheco, a vinda de Douglas Wilson cruza uma linha inaceitável e permite “defesa aberta da naturalização da escravidão”. Ele explica que o pastor americano tem forte influência sobre conservadores reformados brasileiros e também é representante do nacionalismo cristão, um fenômeno que ameaça a democracia nos Estados Unidos.
ARGUMENTOS ABSURDOS
Um dos argumentos absurdos do pastor Douglas Wilson expostos por Pacheco é que, caso o sul dos EUA tivesse sido “fiel aos princípios” bíblicos, teria funcionado de forma “harmoniosa” ou, com o tempo, desaparecido “pacificamente”.
Para o pastor, a vitória do Norte abolicionista impediu a ida de africanos escravizados para o estado da Virgínia, onde na concepção torta dele encontrariam “mestres piedosos”. Numa visão absolutamente equivocada, o pastor insiste em defender que os escravizados tinham uma dieta superior à de um cidadão americano dos tempos atuais.
Ele também argumenta que todos os tipos de violência sofrida pelas escravizados eram “raros e pouco frequentes”.
Relacionados
Transportadora ligada ao Grupo Zema é autuada por trabalho análogo à escravidão
Trabalhadores da Cidade das Águas transportavam móveis e eletrodomésticos às lojas da família do governador de MG
Mulher de desembargador de SC entra na lista suja de trabalho escravo
Ana Cristina Gayotto de Borba entrou na lista mas seu marido, o desembargador Jorge Borba, não
Pastor diz que matou menina de 13 anos em MG após ter levado um tapa
Ele afirmou que matou a vítima após ela ter dado um tapa nele e negou que tenha abusado sexualmente dela
