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Gestora que tem Paulo Guedes como sócio fecha acordo para participar de compra de parte da Sabesp

Segundo informações da Folha de S.Paulo, a gestora de que Guedes é sócio fechou acordo com a Aegea Saneamento para participar de um consórcio que disputará a compra de 15% dos 30% que serão postos à venda.
10/04/2024 | 12h54

O “posto Ipiranga” do governo do ex-presidente Jair Bolsonaro, o então ministro da Economia, Paulo Guedes, é um dos candidatos a disputar a compra de parte da Sabesp (Companhia de Saneamento Básico no Estado de São Paulo), que está em processo de privatização.

De acordo com informações da coluna Painel S.A. da Folha de S.Paulo, a participação de Guedes acontecerá por meio da gestora de fundos de investimento Yvy Capital, que tem como sócios ele, Gustavo Montezano, ex-presidente do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social), o ex-diretor geral da OMC (Organização Mundial de Comércio), Roberto Azevedo, o ex-Bank of America no Brasil, Rodrigo Xavier, e o ex-diretor de privatizações do BNDES, Fábio Abrahão.

A coluna diz que a gestora fechou acordo com a Aegea Saneamento para participar de um consórcio que disputará a compra de parte da Sabesp.

O acordo com a Aegea, segundo a coluna, é destravar capital nacional e internacional para projetos voltados à economia de baixo carbono — foco principal da Yvy no momento.

Além disso, a coluna também diz que a Aegea é líder de investimentos privados em saneamento no país com 56% de market share e pretende comprar metade dos 30% que a Sabesp pretende colocar à disposição do mercado até meados deste ano.

A projeção do mercado é que o valor de 15% do total de ações da empresa chegue a R$ 10 bilhões.

Agora, fica claro por que Guedes e Montezano foram defensores do marco do saneamento, sancionado pelo ex-presidente Bolsonaro, em 2020. A lei pretende universalizar os serviços de água e esgoto até 2033.

Eduardo Moreira já explicou o que está por detrás da privatização da Sabesp

Uma das bandeiras eleitorais do governador bolsonarista de São Paulo, a privatização da empresa foi aprovada pela Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp) no fim do ano passado. Foram 62 votos favoráveis e apenas 1 contrário.

A noite de votação foi marcada pela violência contra os manifestantes contra a venda da Sabesp, com uso de gás lacrimogêneo e cassetetes. A Polícia Militar agrediu os presentes em diversos locais do prédio, inclusive dentro do plenário. Vários deputados governistas parabenizaram a ação violentada polícia em manifestações no plenário.

Agora, a privatização da companhia precisa avançar no Legislativo paulista, principalmente na Câmara Municipal de São Paulo, onde os vereadores prometem esticar ao máximo o tema antes de liberar o processo de desestatização.

Hoje, o governo paulista detém 50,3% das ações da companhia, que é a joia da coroa do plano de privatizações do governo Tarcísio de Freitas (Republicanos).

O próprio governador Tarcísio de Freitas já admitiu que a privatização da Sabesp não vai garantir redução de tarifa. Ele disse em um evento de que participou que “a tarifa vai subir, mas a privatização garante que ela vai subir num valor menor”.

O economista e fundador do ICL (Instituto Conhecimento Liberta), Eduardo Moreira, já havia alertado que a conta defendida por Tarcísio acaba fazendo com que o governo subsidie a suposta redução nos preços das tarifas, fazendo com que o comprador da Sabesp acabe pagando menos pela empresa.

Segundo Moreira, o governador, antes de ter o projeto aprovado, falava que o investimento, com a privatização, aumentaria em R$ 66 bilhões, mas nunca disse como.

“Ele [também] dizia que a tarifa ia ficar mais barata, mas não contou como. De uma hora para outra, ele admite que a privatização não garante redução da tarifa e sabe por que ele falou a verdade? Porque estava no templo do capitalismo. Ele estava cercado por aqueles que realmente mandam, ele estava em um evento da XP, cujo dono é o Itaú”, disse.

Moreira também lembrou que em muitos países da Europa, onde esse tipo de serviço foi privatizado, os governos acabaram voltando atrás devido à precarização dos serviços e o encarecimento das tarifas.

Sabesp lucrou R$ 3,52 bilhões em 2023

A Sabesp, que é uma autarquia (tem autonomia econômica, técnica e administrativa, embora seja fiscalizada e tutelada pelo Estado), encerrou o quarto trimestre de 2023 com lucro líquido de R$ 1,186 bilhão, o que representa um avanço de 84,7% ante o apurado no mesmo intervalo do ano anterior. Em 2023, o lucro somou R$ 3,523 bilhões, montante 12,9% maior que o apurado em 2022.

Ou seja, a Sabesp é uma empresa lucrativa, o que corrobora ainda mais com a não necessidade de sua privatização. No entanto, Tarcísio de Freitas foi eleito tendo essa como uma de suas bandeiras.

Agora, com o interesse de Guedes na compra da empresa, fica muito claro que tudo faz parte de um jogo que já estava bem amarrado.

Da Redação ICL Economia
Com informações do Painel S.A da Folha de S.Paulo

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