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Pela primeira vez, Câmara de São Paulo cassa vereador por ato racista

Em maio de 2022, durante reunião remota, áudio de Camilo Cristófaro vazou a seguinte frase: 'Eles arrumaram e não lavaram a calçada. É coisa de preto, né?'. Defesa falou em 'descontextualização'.
20/09/2023 | 09h30

O agora ex-vereador Camilo Cristófaro (Avante) teve o mandato cassado pelo plenário da Câmara Municipal de São Paulo na terça-feira (19). Desde maio do ano passado, o parlamentar respondia a um processo por ato racista.

No dia 3 daquele mês, quando participava de uma reunião online da Câmara, um áudio de Cristófaro vazou e foi possível ouvir a seguinte frase: “Eles arrumaram e não lavaram a calçada. É coisa de preto, né?.

Desde então, foi aberta uma ação contra o vereador e era preciso quórum com maioria absoluta para que ele fosse cassado. A Câmara de São Paulo tem 55 parlamentares e eram necessários 37 votos para revogar o mandato de Cristófaro. A votação terminou com 47 posicionamentos favoráveis à perda do cargo, nenhum contrário e cinco abstenções.

A denunciante – vereadora Luana Alves (PSOL), e o acusado, Cristófaro, não puderam votar. A vereadora Ely Teruel (Pode) se ausentou da votação.

PRIMEIRA CASSAÇÃO POR RACISMO

A cassação do vereador é o primeiro caso na história da Câmara Municipal de São Paulo em que um parlamentar perde o mandato por um ato de racismo. No entanto, Camilo é o terceiro vereador cassado na Casa. As últimas duas situações ocorreram há 24 anos.

Em 1999, o ex-vereador Vicente Viscome e a ex-vereadora Maeli Vergniano foram cassados por envolvimento na Máfia dos Fiscais – que na época cobrava propina de comerciantes e ambulantes da cidade. Camilo Cristófaro, de 62 anos, estava no segundo mandato na Casa. Ele foi eleito pela primeira vez nas eleições de 2016, e reeleito em 2020.

O QUE ARGUMENTOU A DEFESA

A defesa do vereador teve duas horas para apresentar os argumentos contrários à cassação. O advogado de defesa de Camilo, Ronaldo Alves de Andrade, pediu o arquivamento do caso e questionou o julgamento do Plenário. “O que esperar de um julgamento onde os julgadores têm que se curvar às ordens do partido, às diretrizes do partido?”.

O advogado classificou a fala do defendido de “infeliz”, mas, segundo ele, foi tirada de contexto. “Eu sei que não houve preconceito. Houve uma fala, sim, mal colocada, de mau gosto”.

O ex-vereador também se defendeu na tribuna. Ele falou que convive diariamente com pessoas pretas, inclusive dentro do gabinete, onde 60% são negros. “Nunca fui chamado de racista por qualquer canto que eu ando nesta cidade”.

Disse, ainda, que jamais desrespeitou qualquer pessoa dentro do Parlamento paulistano.

Com informações da Câmara Municipal de SP

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