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Pela segunda noite, argentinos protestam contra medidas de Milei; polícia usa violência

Apesar da reação da população ao megadecreto, Milei disse em entrevista: "Eu aviso que vem mais"
22/12/2023 | 09h43

Pela segunda noite consecutiva, os argentinos foram às ruas ontem para promover panelaços contra o megadecreto anunciado pelo presidente Javier Milei na quarta-feira (20). O pacote prevê mais de 300 medidas que, entre outras coisas, desregulamentam a economia, facilitam as privatizações e cortam direitos trabalhistas.

As cidades com maiores manifestações foram Buenos Aires, Rosário e La Plata. Em Córdoba, a segunda maior cidade do país, onde o protesto reuniu cerca de 4 mil pessoas, a polícia reprimiu com violência, usando cassetetes e spray de pimenta. Houve feridos e ao menos seis manifestantes foram detidos.

O ato de Córdoba aconteceu perto do Patio Olmos, região central. De acordo com testemunhas, o panelaço era pacífico e a confusão começou quando a polícia tentou retirar os manifestantes das ruas e evitar o bloqueio da Avenida General Paz.

Veja como foi a ação da polícia:

 

Em Buenos Aires, o protesto reuniu sindicalistas, funcionários públicos, aposentados e desempregados. O aparato policial era considerável. “É uma mobilização pacífica. Não queremos nenhum tipo de confronto. Não queremos nenhum tipo de choque”, disse Eduardo Belliboni, líder do grupo de esquerda Polo Obrero, que convocou o protesto.

Os manifestantes gritavam “A pátria não se vende” e “Milei, lixo, você é a ditadura”.

Durante a noite, panelaços foram ouvidos em vários bairros da capital, como Caballito, Belgrano e Almagro, segundo o jornal Clarín. Mais uma vez, uma multidão reuniu-se em frente ao Congresso para protestar.

Veja a manifestação em La Plata:

Manifestação em frente ao Congresso:

MEGADECRETO VAI AO CONGRESSO

No dia de ontem, Javier Milei disse em entrevista a uma rádio que novas medidas deverão ser anunciadas por ele. “Eu aviso que vem mais”, disse o presidente.

O objetivo do novo pacote será uma reforma do Estado.

Quanto ao megadecreto anunciado na quarta-feira, o governo tem dez dias para mandar o texto ao Congresso.

A análise do assunto será feita pela Comissão Permanente de Procedimentos Legislativos do Congresso, composta por oito deputados e oito senadores, que vão emitir um parecer sobre o conteúdo e a forma do decreto. Somente depois disso será analisado em plenário pelo Senado e pela Câmara dos Deputados. O decreto só será derrubado se as duas Casas rejeitarem o documento.

O partido de Milei, Liberdade Avança, tem minoria no Congresso e vários parlamentares disseram que vão derrubar o Decreto de Necesdidade e Urgência (DNU), por sua inconstitucionalidade, pela forma como foi encaminhado o tema e por seu conteúdo.

ALERTA DOS FARMACÊUTICOS

Através de uma dura declaração, os farmacêuticos alertaram sobre os riscos que o setor enfrenta devido ao mega decreto de desregulamentação lançado por Javier Milei , afirmando que “coloca em risco a saúde da população e o acesso de todos aos medicamentos ” . A informação é do jornal El Clarin.

Quem deu o alarme foi a Confederação Farmacêutica Argentina (CoFA), que se manifestou contra as medidas liberais. “A profissão farmacêutica foi profundamente afetada e gravemente atacada pelo Decreto de Necessidade e Urgência 70/23 emitido ontem pelo Poder Executivo. Essa medida coloca em risco a saúde da população e o acesso de todos aos medicamentos”, afirmaram.

A câmara se manifestou contra a desregulamentação que permite a comercialização de medicamentos isentos de prescrição em locais públicos, quiosques e lojas .

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