As democracias ao redor do mundo podem estar em risco. É o que revela estudo publicado hoje pela Open Society Foundations. Realizado em 30 países, o levantamento aponta que, entre os jovens de 18 a 35 anos, apenas 57% acreditam nesta forma de governo, contra 71% dos entrevistados mais velhos. A pesquisa demonstra que há evidências pouco contundentes de que regimes democráticos estejam, de fato, melhorando a vida dos cidadãos. Foram entrevistadas mais de 5,5 bilhões de pessoas.
De acordo com o estudo, 58% também temem episódios de violência devido à instabilidade política em 2024. O medo maior foi constatado na África do Sul e no Quênia (79%), na Colômbia (77%), na Nigéria (75%), no Senegal (74%) e na Argentina e no Paquistão (ambos com 73%). Em alguns países ricos, a preocupação é a mesma, incluindo dois terços nos Estados Unidos e na França.
Em todo o mundo, 42% dos entrevistados acreditam que as leis de seus países não mantêm as pessoas em segurança. O sentimento é observado particularmente na América Latina: Brasil (74%), Argentina (73%), Colômbia (65%) e México (60%).
No topo da lista das prioridades dos entrevistados, a grande maioria das pessoas se preocupa mais com a pobreza e a desigualdade social (20%), as mudanças climáticas (20%) e a corrupção (18%). Cerca de um terço, em média, não confia que os políticos atuem em prol de seus interesses.
Para Mark Malloch-Brown, presidente da Open Society Foundations, os resultados da pesquisa preocupam e é preciso mudar a percepção de democracia, principalmente entre os mais jovens. “Nossas descobertas são preocupantes e alarmantes. Pessoas ao redor do mundo ainda querem acreditar na democracia. No entanto, a cada nova geração, essa fé diminui enquanto aumentam as dúvidas sobre sua capacidade de trazer melhorias concretas à vida das pessoas. Isso precisa mudar”, pondera.
BRASIL
No Brasil, o apoio à democracia como forma de governo é de 74% dos entrevistados, acima da média global – de 62% – da pesquisa. Nos Estados Unidos são 56%, enquanto no Reino Unido está em 58%, contra 66% na França e 69% na Itália.
Mesmo assim, segundo a pesquisa, os brasileiros têm pouca confiança na classe política na luta por seus direitos. Apenas 19% dos entrevistados confiam nos políticos nacionais, abaixo da média global de 30%.
O vice-presidente de programas da Open Society Foundations Pedro Abramovay, observa que as democracias precisam trilhar um caminho de bem-estar social. “É gratificante ver que pessoas ao redor do mundo continuam tendo fé na democracia, mesmo em um cenário de preocupações crescentes e comuns com desafios como desigualdade econômica, clima e corrupção. Porém, os resultados também mostram que as democracias precisam fazer jus a essa fé, proporcionando a prosperidade e a estabilidade de que pessoas do mundo todo precisam em suas vidas”, pontua.
CRISE CLIMÁTICA
A crise climática é uma alta prioridade para os cidadãos de países de baixa, média e alta renda. A pesquisa revela que o tema é considerada o principal problema global por 32% das pessoas na Índia e na Itália, seguidas por Alemanha (28%), Egito (27%), México (27%), França (25%) e Bangladesh (25%).
O receio de que as mudanças climáticas afetarão diretamente os entrevistados e seus meios de subsistência no próximo ano foi expressado por 70% dos entrevistados, sendo marcadamente alto em Bangladesh (90%), Turquia (85%), Etiópia (83%), Quênia (83%) e Índia (82%), e se mostrou mais baixo na China (45%), na Rússia (48%) e no Reino Unido (54%).
O estudo foi realizado entre maio e julho de 2023 pela empresa de pesquisas Savanta, bem como pela Gradus Research, na Ucrânia, usando uma combinação de fóruns on-line e fornecedores locais em 30 países. Os resultados traçam um panorama das atitudes, preocupações e esperanças das pessoas em países com uma população total de mais de 5,5 bilhões de habitantes.
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