O Plano Estratégico da Petrobras, para o quinquênio 2024-2028, prevê investimentos da ordem de US$ 102 bilhões. O volume de recursos é 31% maior em relação ao previsto no plano quinquenal anterior (US$ 78 bilhões). O anúncio foi feito ontem (23), após reunião do Conselho de Administração da companhia.
Embora parte do plano esteja focada em projetos de transição energética, a empresa vai continuar investindo em petróleo. A estatal projeta um aumento de mais de 13% na produção da commodity em cinco anos.
A petroleira projeta elevar a produção de petróleo e gás para 3,2 milhões de barris de óleo equivalente ao dia (boed) em 2028, alta de mais de 14% ante os 2,8 milhões boed projetados para 2024.
Do total de recursos previstos no plano anunciado, US$ 91 bilhões se referem a projetos em implantação, enquanto US$ 11 bilhões consideram outros ainda em avaliação, sujeitos a estudos adicionais de financiabilidade antes do início da contratação e execução.
“Aumentamos os investimentos totais da Petrobras com responsabilidade, foco na disciplina de capital e compromisso de manter o endividamento sob controle. Também intensificamos os investimentos em baixo carbono com projetos rentáveis para geração de valor no longo prazo”, disse o presidente da petroleira, Jean Paul Prates, em comunicado da empresa. “Vamos fazer a transição energética de forma gradual, responsável e crescente, investindo em novas energias e sem abrir mão, de uma hora para outra, da produção de petróleo ainda necessária para atender à demanda global de energia e financiar a transição energética”, complementou Prates.
Ainda segundo a empresa, boa parte do aumento do volume de investimentos (Capex) está associada, principalmente, a novos projetos, “incluindo potenciais aquisições; a ativos que estavam em desinvestimentos e voltaram para a carteira de investimentos da companhia; e à inflação de custos, que impactou toda a cadeia de suprimentos”.
Para financiar seu plano, a Petrobras considera um petróleo Brent a US$ 80 o barril em 2024, caindo nos anos seguintes para US$ 78 em 2025, US$ 75 em 2026, US$ 73 em 2027 e US$ 70 em 2028. Já a cotação do dólar está prevista em R$ 5,05 no ano que vem, ficando praticamente estável nos anos seguintes.
Petrobras vai destinar até US$ 11,5 bi a projetos de baixo carbono, o que corresponde a 11% do total de investimentos para o período
A petroleira projeta até US$ 11,5 bilhões para projetos de baixo carbono nos próximos cinco anos, montante que corresponde a 11% do investimento total da companhia. A previsão para baixo carbono representa avanço ante o plano anterior de 2023-2027, que previa US$ 4,4 bilhões.
Ao longo do período de cinco anos, o maior investimento anual está previsto para 2025, de US$ 21 bilhões, alta de 13,5% ante 2024. Para 2026, estão previstos US$ 19,1 bilhões, mantendo um declínio em 2027 (US$ 17,1 bilhões) e 2028 (US$ 15,2 bilhões).
O anúncio do plano da Petrobras significa um ponto de inflexão em relação ao que ocorreu com a companhia nos governos anteriores.
Sob os mandatos de Michel Temer (2016-2018) e de Jair Bolsonaro (2019-2022), a estatal, cujo maior acionista é o governo brasileiro, passou por um verdadeiro desmonte, realizando desinvestimentos bilionários, enquanto focava em exploração e produção de petróleo em campos de alta rentabilidade.
Por sua vez, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva pretende retomar a importância estratégica da petroleira para projetos de geração de emprego e renda para municípios brasileiros. Tanto que, no Novo PAC (Programa de Aceleração do Crescimento), grande parte dos investimentos previstos tem a Petrobras como ator principal.
Embora o novo plano foque em projetos de transição energética, uma das bandeiras de Lula durante a campanha eleitoral, do montante previsto em investimentos, cerca de 72% serão aportados na área de exploração e produção de petróleo.
“O segmento de E&P [exploração e produção] mantém sua relevância para a companhia com o foco estratégico em ativos rentáveis e investimentos compatíveis com uma visão de longo prazo alinhada à transição energética”, defendeu a empresa no comunicado divulgado ontem.
A área de Refino, Transporte e Comercialização, por sua vez, representa 16% do novo orçamento total, enquanto Gás e Energia (G&E) e Baixo Carbono tem 9%, e o Corporativo, 3%.
No comunicado, a empresa também disse que mantém “grandes projetos de revitalização em águas profundas (REVIT), além de projetos complementares, a fim de aumentar os fatores de recuperação em campos maduros”.
Do montante para E&P, a petroleira prevê US$ 3,1 bilhões para exploração na Margem Equatorial, US$ 3,1 bilhões para a exploração nas Bacias do Sudeste e US$ 1,3 bilhão para outros países.
Também está incluída no investimento a perfuração de cerca de 50 poços em áreas onde a companhia possui direito de exploração em blocos adquiridos.
Redação ICL Economia
Com informações das agências de notícias
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