A Polícia Federal investiga se o ex-diretor-geral da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) Alexandre Ramagem atendeu a pedidos de acesso ilegal de informações do vereador do Rio de Janeiro Carlos Bolsonaro. As mensagens foram enviadas compreendem outubro e novembro de 2022, período em que se disputava as eleições e também pouco antes de Jair Bolsonaro deixar a Presidência da República.
Nesse período, Ramagem já não estava mais na Abin. Ele deixou o cargo em março de 2022 para disputar uma vaga para deputado federal pelo Rio de Janeiro e foi eleito.
A coluna apurou com fontes da PF e do Ministério Público Federal que a mensagem enviada por Luciana Paula Garcia da Silva Almeida — assessora de Carlos Bolsonaro desde 2013 — para Ramagem, pedindo informações sobre um inquérito envolvendo “PR e 3 filhos”, que estaria com a delegada Izabela Muniz Ferreira, foi enviada no dia 9 de novembro de 2022. No print usado para o pedido de busca, não estava mencionada a data que agora é revelada pela coluna.
Portanto, o pedido feito por Luciana foi realizado dias após o fim do segundo turno em que Bolsonaro foi derrotado para o presidente Lula. Isso faz com que os investigadores também busquem saber se Ramagem atuou ilegalmente nos meses em que já não estava mais no cargo de diretor-geral da Abin.
O MPF aponta que a “assessora Luciana solicitava do então diretor-geral da ABIN ‘ajuda’ relacionada ao Inquérito Policial Federal em andamento em unidades sensíveis da Polícia Federal”.
Os investigadores argumentam que um “núcleo político” possivelmente se “valia do Del. ALEXANDRE RAMAGEM para obtenção de informações sigilosas e/ ou ações ainda não totalmente esclarecidas”. O MPF informa ainda que “não seria acontecimento avulso”. O STF foi notificado que Ramagem imprimiu, em fevereiro de 2020, informações de inquéritos eleitorais em curso na Polícia Federal que listavam políticos do Rio de Janeiro.
Carlos Bolsonaro foi alvo na segunda-feira (29) de operação da Polícia Federal que apura desvios cometidos na Abin (Agência Brasileira de Inteligência) durante o governo de Bolsonaro. A busca e apreensão foi autorizada para a casa de Carlos e também na Câmara Municipal do Rio.
As diligências de busca e apreensão ocorrem em Brasília–DF (18), Juiz de Fora–MG (1), São João Del Rei–MG (1) e Rio de Janeiro–RJ (1).
OPERAÇÃO ÚLTIMA MILHA
A operação é uma continuação das investigações da Operação Última Milha, do último dia 20. As provas obtidas a partir das diligências da Polícia Federal à época indicam que havia um grupo criminoso que criou uma estrutura paralela na Abin.
O esquema, diz a PF, usou ferramentas e serviços daquela agência de inteligência para ações ilícitas, produzindo informações para uso político e midiático, além de obtenção de proveitos pessoais e até mesmo para interferir em investigações da PF.
A PF afirma que os investigados podem responder pelos crimes de invasão de dispositivo informático alheio, organização criminosa e interceptação de comunicações telefônicas, de informática ou telemática sem autorização judicial, ou com objetivos não autorizados em lei.
RAMAGEM ALVO
Na quinta-feira (25), o deputado federal Alexandre Ramagem (PL–RJ) foi alvo de busca e apreensão da PF nessa mesma investigação.
Além dele, o policial federal Felipe Arlotta Freitas, um dos homens de confiança do ex-diretor da Abin, foi alvo de busca e apreensão.
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