No relatório que orientou a operação dos atos golpistas de 8 de janeiro, a Polícia Federal aponta que o ex-ministro da Defesa Walter Braga Netto orientou os ataques ao atual comandante do Exército, general Tomás Paiva, em dezembro de 2022.
O documento aponta, ainda, que o ex-ministro da Saúde do governo Bolsonaro, Eduardo Pazuello, atuou na trama golpista. Segundo o relatório, há dados que “comprovam” que o ex-presidente Jair Bolsonaro “analisou e alterou” uma minuta de decreto que determinava o rompimento constitucional. A informação é do jornal O Globo.
A atuação de Braga Netto na orientação de ataques ao general Tomás Paiva é revelada por mensagens obtidas pela PF. O conteúdo revela que o ex-chefe da Casa Civil de Bolsonaro relatou ao militar Ailton Barros uma suposta visita de Paiva ao ex-comandante do Exército Eduardo Villas Bôas. O fato ocorreu em 17 de dezembro de 2022, cinco dias após a diplomação de Lula.
Braga Netto chega a dizer, nas mensagens, que o atual comandante do Exército “nunca valeu nada” e tenta o vincular ao PT. O ex-ministro orientou a disseminação de ataques a Tomás Paiva, que, segundo ele, teria falado mal de todo o Alto Comando da Força.
A tentativa de Braga Netto seria constranger oficiais do alto escalão a embarcarem na tentativa do grupo golpista de impedir a posse do presidente Lula.
PAZUELLO
O ex-ministro da Saúde do governo do ex–presidente Jair Bolsonaro, segundo o relatório da PF, atuou na trama golpista, sendo um dos aliados de Bolsonaro que defenderam a ruptura constitucional.
Segundo a PF, em um áudio, no dia 8 de novembro de 2022, o ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, Mauro Cid, afirma que o ex-presidente recebendo visitas “no sentido de propor uma ruptura institucional” e “pressioná-lo a tomar medidas mais fortes para reverter o resultado das eleições”. No dia 7 de novembro, Pazuello esteve no Palácio da Alvorada e passou quase 11 horas no local, onde Cid também estava.
Em sua delação, Mauro Cid afirmou que Pazuello “integraria o grupo de radicais que queriam reverter o resultado das eleições”.
Segundo a PF, ainda, dados “comprovam” que Bolsonaro “analisou e alterou” uma minuta de decreto que previa um golpe de Estado, em dezembro de 2022. O decreto previa a prisão de autoridades, como o ministro Alexandre de Moraes, e a instauração de estado de sítio.
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