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PF faz operação que mira ‘Abin paralela’; um dos alvos é ex-segurança de Bolsonaro

Segundo a polícia, essa estrutura era utilizada para monitorar ilegalmente adversários de Bolsonaro
11/07/2024 | 09h32

A Polícia Federal deflagrou nesta quinta-feira (11/7) a 4ª fase da Operação Última Milha. O objetivo é desarticular organização criminosa voltada ao monitoramento ilegal de autoridades públicas e à produção de notícias falsas, utilizando-se de sistemas da Agência Brasileira de Inteligência (Abin). É a chamada ‘Abin paralela’, que teria a participação de Carlos Bolsonaro.

Policiais federais cumpriram cinco mandados de prisão preventiva e sete mandados de busca e apreensão, expedidos pelo Supremo Tribunal Federal, nas cidades de Brasília–DF, Curitiba–PR, Juiz de Fora–MG, Salvador–BA e São Paulo–SP.

Os mandados de prisão estão em nome de Marcelo Araújo Bormevet, Mateus de Carvalho Sposito, Richards Dyer Pozzer, Giancarlo gomes Rodrigues.

Bormevet é delegado da Polícia Federal, onde está desde 2005. Fez a segurança do ex-presidente Jair Bolsonaro na campanha de 2018. Após a eleição, Alexandre Ramagem nomeou Bormevet como chefe do Centro de Inteligência Nacional (CIN) do órgão. Segundo a PF, essa estrutura era utilizada para monitorar ilegalmente adversários de Bolsonaro.

Marcelo Bovermet

Os outros mandados de prisão estão em nome de ex-servidores cedidos para Abin e influenciadores digitais que trabalhavam no chamado “gabinete do ódio” do governo Bolsonaro.

Nesta fase, as investigações revelaram que membros dos três poderes e jornalistas foram alvos de ações do grupo, incluindo a criação de perfis falsos e a divulgação de informações sabidamente falsas. A organização criminosa também acessou ilegalmente computadores, aparelhos de telefonia e infraestrutura de telecomunicações para monitorar pessoas e agentes públicos.

Os investigados podem responder, na medida de suas responsabilidades, pelos crimes de organização criminosa, tentativa de abolição do Estado Democrático de Direito, interceptação clandestina de comunicações e invasão de dispositivo informático alheio.

Busca e apreensão

Um dos que têm mandado de busca e apreensão em seu nome é José Mateus Sales Gomes.

Como adiantou a coluna de Juliana Dal Piva, Gomes é natural de Caucaia, na região metropolitana de Fortaleza, no Ceará. Caiu nas graças de Carlos Bolsonaro em 2013 quando criou uma página no Facebook chamada “Bolsonaro Zuero”. No início, aos 21 anos, com ensino médio completo, conhecidos contam que não havia nada de política e intenção era imitar outras páginas de comediantes locais, como o “Suricate Seboso”, que se transformou em uma fonte de renda para os seus criadores. Mas depois que Carlos viu a página e o recrutou ele também ganhou o apelido de “Mateus Zuero”.

Em 1 de fevereiro de 2014, foi nomeado assessor dele na Câmara de Vereadores e tornou-se até companheiro nos jogos do Botafogo. Sem nunca ter assessorado um parlamentar, chegou a ter um salário bruto de R$ 9 mil. Ao mesmo tempo em que passou a assessorar Carlos, a página “Bolsonaro Zuero” passou a crescer com exaltação do nome da família Bolsonaro, mas também com ataques a políticos de esquerda, sobretudo Dilma Rousseff e Jean Wyllys. O Facebook chegou a derrubar a página duas vezes, mas ele retomou. Hoje ela se chama “Direita Vive 3.0” e tem 620 mil fãs. Quando Bolsonaro tomou posse, foi um dos primeiros a ser escalado por Carlos para integrar o gabinete do pai. Aos 27 anos, foi nomeado assessor especial da Presidência da República em 4 de janeiro de 2019, com um salário bruto de R$ 13,6 mil e auxílios de R$ 3,3 mil.

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