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Juliana Dal Piva

Formada pela UFSC com mestrado no CPDOC da FGV-Rio. Foi repórter especial do jornal O Globo e colunista do portal UOL. É apresentadora do podcast "A vida secreta do Jair" e autora do livro "O negócio do Jair: a história proibida do clã Bolsonaro", da editora Zahar, finalista do prêmio Jabuti de 2023.

PF envia dados para MP-RJ apurar uso da polícia por Rivaldo e ex-capitão do Bope

A PF solicitou ao ministro Alexandre de Moraes que, um conjunto de documentos, seja enviado ao MP-RJ, para apurar o uso ilegal de dados dos sistemas da Polícia Civil do RJ
30/05/2024 | 06h00

A Polícia Federal (PF) solicitou ao ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Alexandre de Moraes que, um conjunto de documentos apreendidos durante as investigações do assassinato da vereadora Marielle Franco, seja enviado ao MP-RJ (Ministério Público do Rio) para apurar o uso ilegal de dados dos sistemas da Polícia Civil do RJ para a produção de informações para as empresas de Rivaldo Barbosa, ex-chefe de corporação, e também para o ex-capitão do Bope Rodrigo Pimentel.

Em um relatório no início de maio, a PF informou ao STF ter encontrado um HD no escritório de Érika Andrade, mulher de Rivaldo Barbosa, no qual estavam documentos da empresa de Rodrigo Pimentel.

A análise feita pela PF em e-mails e metadados dos documentos demonstrou que uma consultoria prestada por ele para um empreendimento chamado “Porto Atlântico” teve documentos produzidos por policiais que atuaram na equipe de Rivaldo na polícia.

Além disso, esses relatórios foram enviados pelos agentes para um e-mail da empresa de Rivaldo e, posteriormente, foram utilizados por Pimentel no trabalho.

A PF ressalta que um dos policiais que fez um relatório, utilizado por Pimentel, também tinha sido mencionado anteriormente em outra investigação que “dá conta de que ele e outros servidores da PCERJ estão supostamente envolvidos em esquema de utilização de sistemas exclusivos da polícia para qualificação e seleção de colaboradores que ingressariam nas empresas que contratavam serviços de consultoria das empresas do casal RIVALDO/ ERIKA”.

Para que o MP-RJ tenha acesso ao material, o ministro Alexandre de Moraes precisa autorizar o compartilhamento das provas. Essa investigação possui atribuição estadual, sem crimes federais.

Por isso, o envio é necessário. Pimentel ficou conhecido devido ao livro e filme “Tropa de Elite”. Ele inspirou o personagem “capitão Nascimento”.

Rivaldo é acusado por morte de Marielle

Rivaldo Barbosa está preso e denunciado como coautor do assassinado da vereadora. Os advogados Marcelo Ferreira e Felipe Dalleprane, que atuam em sua defesa, negam as acusações.

“A tentativa de minar a conduta inquestionável de Rivaldo se coloca como uma cortina de fumaça ao trabalho ineficaz da Polícia Federal, que atualmente está sob severas críticas. A utilização de conjecturas e especulações como pilares de uma acusação gravíssima, como a imputada a Rivaldo, é juridicamente inaceitável. Por fim, causa preocupação a investida da PF contra Rodrigo Pimentel, porque a forma e modo sugerem a retomada da Lei da Mordaça”, informam os advogados, por nota.

Procurado pela coluna, Pimentel informou que não conhece o policial citado no relatório e que prestou a consultoria citada.

Ele disse ainda que “há dez anos, quando Rivaldo gozava de credibilidade e prestígio, antes ainda de ser chefe de polícia, indiquei a empresa de Rivaldo e Erika e várias outras empresas de policiais para realizarem análises de risco para corporações, preocupadas com seus recursos humanos ou com patrimônio”.

Pimentel afirma que “nunca vi ou presumi que policiais do expediente da delegacia fossem usados para obtenção das informações ou para confecção dos relatórios. O empenho de policiais desviados de função é evidentemente ilegal, o uso de policiais na folga, de férias ou inativos, no entanto, não constitui crime ou sequer transgressão da disciplina, as corregedorias são claramente tolerantes à prática do BICO. Era conhecida de todos que a polícia civil adotava a escala de 24×72”.

O ex-capitão do Bope disse ainda que “quando soube da prisão de Rivaldo e começaram as conclusões que a empresa de consultoria de Rivaldo seria somente uma operação de lavagem de dinheiro me apressei em avisar que a empresa de Rivaldo realmente prestava serviço a vários clientes”.

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