Documentos de uma operação da Abin (Agência Brasileira de Inteligência) em comunidades do Rio de Janeiro foram encontrados pela Polícia Federal na residência do deputado federal Alexandre Ramagem (PL), alvo de busca e apreensão em 25 de janeiro. A informação é da jornalista Natália Portinari, do UOL.
Ramagem, ex-diretor da Abin no governo de Jair Bolsonaro, é alvo de uma investigação da PF que apura como a agência foi usada em ações de inteligência clandestinas contra adversários do ex-presidente. As ações da “Abin paralela”, como tem sido chamada, eram feitas por policiais da confiança de Ramagem.
A PF também encontrou na casa de Ramagem um celular e um notebook que pertencem à Abin. Ramagem não poderia manter consigo nenhum documento ou equipamento a partir de sua saída da agência, em março de 2022.
O atual parlamentar pelo Rio de Janeiro pode responder por crime de violação de sigilo profissional, se for comprovado que houve algum vazamento das informações de inteligência da agência para terceiros. A Abin afirmou ao UOL que “indivíduos que não mais exerçam atribuições funcionais compatíveis com determinado dado não devem mais exercer qualquer tipo de tratamento sobre ele, como utilização, acesso, reprodução, transmissão, distribuição, arquivamento, armazenamento, entre outros”.
O site Metrópoles revelou que a Abin usou verba secreta para pagar informantes em comunidades do Rio de Janeiro dominadas pelo tráfico, onde as milícias têm interesse de entrar — apesar de a área de segurança pública não ter relação com as funções da Abin. A agência só deveria atuar dessa forma se houvesse risco à segurança nacional.
O Metrópoles informou que houve um gasto de R$ 1,5 milhão com informantes. A PF, que irá questionar a agência sobre a origem do documento, apura se houve desvio de finalidade nessa operação. Os papéis encontrados na casa de Ramagem estavam descaracterizados, sem logo ou identificação da Abin.
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