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Igor Mello
O PL abriu os cofres e pagou de uma vez só quase R$ 100 mil ao ex-presidente Jair Bolsonaro no final de novembro. O repasse ocorreu menos de uma semana depois de Bolsonaro ser indiciado pela Polícia Federal como o principal articulador de uma tentativa de golpe de Estado.
O repasse de R$ 99.447,03 foi feito por meio de transferência bancária para uma conta do ex-presidente no Banco do Brasil em 27 de novembro, seis dias depois do indiciamento — que ocorreu em 21 de novembro. O relatório da PF, por sua vez, foi tornado público um dia antes do pagamento ao ex-presidente, em 26 de novembro.
O pagamento foi feito com recursos públicos oriundos do Fundo Partidário, segundo os registros do TSE (Tribunal Superior Eleitoral).
Tanto a data quanto o valor pagos pelo PL divergem do padrão existente na folha salarial do partido, segundo dados dos extratos bancários do partido disponibilizados pelo TSE e analisados pela coluna.
Os salários são pagos nos dois primeiros dias úteis de cada mês. Tanto Bolsonaro quantos outros dirigentes do PL recebem nas mesmas datas — caso de Valdemar Costa Neto, presidente do partido, e José Tadeu Candelária, primeiro-vice-presidente. O mesmo padrão de datas se repete com Michelle Bolsonaro, que é remunerada por meio da conta exclusiva do PL Mulher.
Nenhum outro dirigente do PL recebeu pagamentos no fim de novembro.
Desde abril de 2023, Bolsonaro ocupa o cargo de presidente de honra do PL, pelo qual recebe um salário equivalente ao de um ministro do STF. Atualmente, o partido paga a ele R$ 32,2 mil em valores líquidos.
Bolsonaro diz que valor é de diárias
Fabio Wajngarten, advogado e um dos principais assessores de Bolsonaro, afirmou à coluna que os valores são referentes às diárias acumuladas feitas pelo ex-presidente. Contudo, não soube informar a qual intervalo de tempo o pagamento se refere.
Segundo ele, Bolsonaro recebe diárias apenas quando viaja. O valor combinado com o PL é o mesmo dos ministros do STF.
Desde fevereiro, os ministros do STF recebem R$ 1.466,95 para cada dia de viagens oficiais em território nacional.
O valor recebido pelo ex-presidente no fim de novembro equivale a mais de 67 dias em viagens oficiais.
Como está com o passaporte retido desde fevereiro, Bolsonaro não pôde participar de agendas no exterior ao longo de 2024.
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