A intensificação das operações de combate ao narcotráfico no Brasil levou a Polícia Federal a identificar novas rotas de envio de drogas para a Europa. Segundo a PF, as organizações criminosas passaram a evitar áreas com fiscalização intensificada, como os portos da Região Sudeste. A informação é da Folha de São Paulo.
Segundo o jornal, a PF identificou mudanças significativas, com novas rotas contornando o Brasil, incluindo caminhos passando pelo Equador e pelos rios Paraná e Paraguai até portos da Argentina e Uruguai, visando atingir destinos europeus.
Antes, o tráfico internacional de drogas no Brasil contava com duas rotas principais. A “Caipira”, dominada pelo Primeiro Comando da Capital (PCC), e a rota da Região Norte, sob domínio do Comando Vermelho.
Júlio Danilo Souza Ferreira, coordenador-geral de Repressão a Drogas, Armas e Facções Criminosas da PF, destaca que essas rotas inesperadas podem ser uma resposta ao aumento da pressão sobre as facções no Brasil, refletindo uma estratégia de busca por alternativas, apesar de mais longas.
“Aumentamos a pressão aqui, e eles buscam novas rotas. Mudanças nos portos brasileiros, como o de Santos, com 100% dos contêineres escaneados, também direcionaram o tráfico para portos nas regiões Nordeste e Sul, diz Júlio Danilo.
NOVAS ROTAS
Na operação Hinterland, de março passado, a PF identificou o uso de empresas de logística marítima nos portos de Rio Grande (RS) e Itajaí (SC) para o envio de drogas à Europa. O volume expressivo de entorpecentes movimentados levou a Justiça a decretar o sequestro de 159 bens, incluindo aeronaves, automóveis, apartamentos e áreas rurais, totalizando mais de R$ 500 milhões.
Outra ação relevante, denominada Match Point, evidenciou o emprego de outro porto na Região Sul — em Florianópolis (SC) — como ponto de saída para drogas provenientes de países vizinhos. Neste caso, a PF obteve autorização para o confisco de cerca de R$ 150 milhões em bens dos investigados.
Segundo o coordenador Júlio Danilo, também houve aumento da vigilância sobre portos do Nordeste e regiões menos conhecidas do Norte, suspeitos de servirem como rotas para a exportação de drogas à Europa.
Além disso, no Pará, um aumento de casos utilizando veleiros e barcos pesqueiros distantes da costa para evitar fiscalização, foi observado pela PF. Já no Nordeste, investigação revelou a presença da facção baiana BDM (Bonde do Maluco) na Ilha de Maré, transformando o local em ponto estratégico para fornecimento, transporte, depósito e exportação de armas e drogas — o BDM é aliado do PCC.
Júlio Danilo afirma que dados de 2023 indicam a apreensão de pelo menos R$ 2 bilhões desses grupos criminosos, representando um aumento substancial em relação aos R$ 602 milhões registrados em 2022.
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