Para você ganhar belíssimo Ano Novo,
da cor da sua ira (ou sua paz), não se iluda,
vá à luta, derrube o Capital e o Capataz
Se quer um Ano Novo sem comparação
Recupere o tempo perdido
Tome os meios de produção
Para um Ano Novo de nova
sementinha, vinda do coração
Recupere a poesia, faça a Revolução
Se quer Ano Novo de salário digno
E reconhecimento do árduo ofício
Não precisa fazer lista
Põe de pé a guilhotina
Mas se a violência do Terror não passa
pela sua percepção, não se avexe
Faça greve e barricada
Uma cruzada operária
Não precisa chorar pelos cantos
Levante-se das lágrimas de sangue
entre as nações e reivindique
a unidade proletária, benfazeja e planetária
Liberdade com gosto de pão
vem da luta, da esperança,
vem da mãe terra milagrosa
plena de comoção
Para ganhar um Ano Novo
pleno de amor, ação, revolução
você, meu caro, minha cara, tem de construí-lo
sem as falácias do destino-capitalismo que há muito nos condenou
Ora, tem de fazê-lo efetivamente
novo, alegre, firme e consciente
Dentro e fora de você,
dialeticamente
Na coletividade, o Ano Novo
não cochila e nem espera
Ele age feito coice, fera, algoritmo, foice
Na noite do tempo, na balada das horas
Para despertar no dia primeiro a sua aurora
Os seus direitos, trabalho justo, seu passeio
A sua casa, seu desejo de morada
Para seu reencanto, para além dos (365) dias de cativeiro,
A hora é agora! Não demora! Vamos!
Faça do mundo um lugar revolucionário o ano inteiro,
Sem calendário opressor, sem mandatários,
Sem uma multidão de condenados!
Feliz novo ano num mundo sem amos!
***
O historiador-autor cometeu o sacrilégio de parafrasear (livre e tolamente) o poema “Receita de Ano Novo”, do poeta-maior Carlos Drummond de Andrade. Espero que um dia, no poesia do mundo, ele possa nos perdoar.
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