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Preço do Bitcoin cai 22% em três dias e atinge menor nível desde 2020

Em 2021, o setor incipiente atraiu cada vez mais participantes das finanças tradicionais para os investimentos em criptomoedas. Agora, o preço do Bitcoin despenca, aumentando o desespero
13/06/2022 | 19h13

O preço do Bitcoin despencou para níveis não vistos desde dezembro de 2020. Cotado a US$ 23.500 (R$ 119.000), as perdas são de 22% nos últimos três dias e de 66% desde seu topo histórico, em novembro do ano passado (veja a cotação em tempo real).

Outras criptomoedas estão apresentando perdas maiores ainda, o que afeta o preço do Bitcoin. O Ethereum, segunda maior do mercado, caiu 34% nos últimos três dias e está sendo negociado a US$ 1.200 (R$ 6.200). O mesmo acontece com a preferida de Elon Musk, a Dogecoin (DOGE), e com a Solana (SOL).

O movimento do preço do Bitcoin é um termômetro para o mercado de ações, também em forte queda enquanto o mundo teme uma recessão por conta da inflação e segue tentando adivinhar os próximos movimentos do Banco Central dos EUA.

O S&P500, índice que reúne as 500 maiores empresas dos EUA, também amanheceu em queda nesta segunda-feira ao ser aberto com -2,4%. O mesmo acontece com outros índices, como o Ibovespa, apresentando queda de 4%, e até mesmo com o Real (BRL), também em queda de 4% em relação ao dólar e novamente operando acima dos US$ 5.

Com os EUA registrando novos picos de inflação, com o índice de preços ao consumidor (CPI) chegando ao acumulado de 8,6% nos últimos dois meses, muitos esperam que o mundo esteja à beira de uma recessão. O fato é que o aperto monetário pelo Fed (Banco Central dos Estados Unidos), para combater a inflação fora de controle, está afastando investidores e pesando nos mercados.

Preço do Bitcoin pode virar pó diante do efeito manada dos investidores saindo das criptomoedas

Segundo o economista e sócio-fundador do ICL, Eduardo Moreira, com o aumento da taxa de juro nos Estados Unidos, no Banco Central Europeu, no Brasil, os investidores que buscam dinheiro fácil começaram a se retirar das criptomoedas. Com isso, veio o efeito manada do preço do bitcoin. 

“Quando o primeiro começa a tirar o seu dinheiro, há um círculo vicioso que, cada vez mais, alimenta o estouro dessa bolha. As pessoas vão quer tirar o seu dinheiro e a crise vai ser enorme. Tem muita gente da classe média investindo nisso. Tem muita gente pobre, que não tem dinheiro pra comprar comida, mas investiu no bitcoin. Vai tudo virar pó, o preço do bitcoin. A forma como as coisas estão sendo feitas é leviana. Não sejam os últimos a sair do quarto para apagar a luz. A criptomoeda que você tem pode virar pó”, diz Moreira.

lei bitcoin, Preço do Bitcoin

Crédito: Envato / Queda maior do Bitcoin nesta segunda

Em 2021, o setor incipiente atraiu mais participantes das finanças tradicionais, cujo apetite pelo risco era alimentado pelas políticas flexíveis dos bancos centrais de todo o mundo. Agora, com as quedas acumuladas, esses investidores já estão no prejuízo.

O preço do bitcoin, assim como outras criptomoedas, não é regulado por nenhum órgão vinculado a governos, como os Bancos Centrais. Em vez disso, a blockchain é o que mantém os registros de transações e a emissão limitada de novas criptomoedas é feita por meio de um processo chamado de mineração, efetuado por pessoas e empresas que têm computadores dedicados a essa finalidade e são remunerados (em bitcoin) por essa atividade.

O megainvestidor e CEO da Berkshire Hathaway Warren Buffett expressou seu descontentamento com o bitcoin, questionando seu valor e pouco potencial para substituir o dólar. Segundo Buffett, ele não compraria todo o bitcoin do mundo nem por US$ 25, enquanto compraria 1% de todas as terras agrícolas dos Estados Unidos ou 1% de todos os prédios do país por US$ 25 bilhões, porque acredita que esses ativos possam gerar rendimentos ou produtos.

Outro crítico do bitcoin é Nassim Taleb, autor dos best-sellers A Lógica do Cisne Negro, Arriscando a Própria Pele e Antifrágil. Em fevereiro deste ano, quando o valor da criptomoeda teve queda significativa, Taleb disse que ela é um “jogo perfeito para otários durante tempos de juros baixos”. “A verdade é que o bitcoin não é uma proteção contra a inflação, não é uma proteção contra crises do petróleo, não é uma proteção contra ações e, claro, o bitcoin não é uma proteção contra eventos geopolíticos – na verdade, é exatamente o oposto”, disse, em suas redes sociais.

Christine Lagarde, presidente do Banco Central Europeu, também falou sobre as criptomoedas, em um momento em que sofrem forte desvalorização no mercado. Ela explicou que é necessário se preocupar que esses investimentos sejam feitos por pessoas que têm os olhos bem abertos sobre o fato de que podem perder tudo.

Ela afirmou que, em sua “humilde opinião, isso não vale nada”. Segundo Lagarde, não há um ativo atrelado para atuar como uma âncora de segurança.

“É por isso que acredito que isso deve ser regulamentado. Peço aos reguladores globais que estabeleçam regras para proteger pessoas sem experiência que fazem grandes investimentos em criptoativos”, disse.



Redação ICL Economia
Com informações das agências de notícias

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